O Senado está longe de ser um sanatório, estabelecimento em que os doentes atacados de certas moléstias podem encontrar alívio devido a influência climatérica.
Realmente o Senado da República está muito mais para hospício, onde se recolhem órfãos enfermos, muitos deles abandonados à própria sorte.
Vários senadores se viram obrigados a trocar de lado saindo do conforto ideológico do antigo Poder Central, que se desmanchou, para as esquinas buliçosas do governo Temer. Eis aí a receita que gerou a avacalhação , o escracho político no plenário na manhã desta sexta-feira, quando um senador acusou um colega de transformar o seu gabinete numa cracolândia; uma senadora insistiu que “ali ninguém tem moral para julgar a -ainda- presidente Dilma Roussef”; ou a afirmação do próprio presidente da Casa, Renan Calheiros , para quem a ingratidão da sua colega Gleisi Hofmann não tem tamanho porque fora salva de um indiciamento no Supremo Tribunal Federal.
Justamente por ele, Renan quando a Lava a Jato já estava no calcanhar dela para instaurar um inquérito criminal. Renan , que durante o processo de impeachment aparece como coadjuvante do presidente do processo de impeachment, Ricardo Lewandovski, acabou enfiando uma saia justa na instituição máxima do judiciário brasileiro.
Afinal, como ele conseguira intervir no STF? Por que salvar a ex-chefe da Casa Civil de Dilma de um indiciamento quando ela tem sido uma algoz do seu agora “primeiro amigo” Michel Temer, que o encaixou com louvor no vôo para a China nos próximos dias, já como presidente da República de fato e de direito? Jogo duplo?