Passado o espetáculo do impeachment, com seu epílogo na quarta-feira que passou, surgem mais perguntas que respostas. Continuam os problemas econômicos que insistem em ficar piores e a classe política desce ladeira abaixo, distante da realidade que cerca 200 milhões de brasileiros.
Michel Temer assume como presidente definitivo por mais de dois anos e meio. Ele mesmo tem dito que o tempo é curto e que não há espaço para erros.
Discurso para se garantir perante a opinião pública. Nos escaninhos do poder, a questão vai muito além da simbologia de uma gestão preocupada com a coisa pública. Interesses menores concorrem com as medidas de reformas anunciadas em palanque.
O olho dos políticos foca, primeiro, as eleições municipais que se avizinha. Depois, as eleições de 2018, quando concorrem candidatos aos governos estaduais, à Presidência da República e para os parlamentos estaduais e federal.
Resumo: tudo é uma questão eleitoral.
Do lado do PT, foi um alívio apear Dilma Rousseff do poder. Assim, haverá tempo para tentar costurar os farrapos para buscar novamente o Palácio do Planalto com Lula da Silva. Nas demais agremiações, todos olham outubro de 2018 do mesmo jeito: como um garotinho olha uma caixa de presente.
Nessa batida, questões como corrupção, as reformas e os serviços públicos são meras peças de discursos. Difícil acreditar nas palavras, quando a maioria dos políticos pensa em defender o próprio traseiro.
O novo governo não representa uma nova era, um horizonte colorido com mudanças do sistema. É o mesmo do mesmo repetido nas últimas décadas, onde os escrúpulos foram reduzidos ao passado.
O vale tudo provoca mais perguntas e mais preocupações. Definitivamente, não há muito o que comemorar.