A “patrulha” ao samba não é coisa nova

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A discussão sobre a misoginia e o preconceito de algumas letras de marchinhas ganhou fôlego neste Carnaval, com blocos anunciando que descartaram de seu repertório antigos clássicos carnavalescos como Olha a Cabeleira do Zezé, Maria Sapatão, Índio Quer Apito e o Teu Cabelo não Nega.

Mas o debate não é novo na história da festa popular, nem da trajetória do samba no Brasil, lembra texto da BBC.

Para o escritor Lira Neto, que está lançando o primeiro de três volumes de Uma História do Samba, “esse discurso do politicamente correto, de tentar higienizar e limpar o samba é muito antigo, mas agora é reforçado pelas redes sociais”.

Em entrevista à BBC Brasil, o autor da trilogia sobre a vida de Getúlio Vargas explica como o Estado Novo quis se apropriar do samba para tentar forjar uma identidade nacional brasileira.

Segundo Lira, “o samba é um elemento interessante para a interpretação do Brasil, com todas as interferências que ele sofreu, de algo que foi cooptado pelo mercado, apropriado politicamente, e de como ele conseguiu, no meio de tudo isso, encontrar mecanismos de continuar existindo, pujante, e de nos emocionar”.

“Você acha que Mário Lago era machista por causa da Amélia (de Ai Que Saudades da Amélia), que Ataulfo Alves era machista? A música era profundamente machista para os nossos valores de hoje. Se você levar a questão das marchinhas ao extremo, o que vai acontecer? Você vai deixar de ouvir Ismael Silva, Sinhô, Mário Lago, de ler Monteiro Lobato? Daqui a pouco você cerceou e policiou de forma absurda”.

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