A Marisa

– Começou o interrogatório.

– Eu sei, sim senhor. A História vai mostrar que eu não devo nada.

– Mas eu nem perguntei.

– Mas eu já respondi.

– Quanto ao triplex, o senhor se lembra da reforma da cozinha…

– Foi a Marisa. Eu vi só defeitos naquele apartamento. Um ovo. Pequeno demais. Aquilo ali foi coisa da Marisa. Nunca tive a intenção de adquirir triplex.

– O senhor visitou o triplex em 2014?

– Eu não, a Marisa.

– Ela queria comprar o imóvel?

– Não me disse nada, mas eu acho que não. Marisa não gostava de praia.

– Mas há um documento assinado, datado de 2009…

– Pela Marisa.

– Mas o apartamento não teria sido um presente dado ao senhor pelo dono da…

– Pra Marisa. Pergunte a ela.

– Quanto à ilha em Atibaia. Havia uma adega de mais de 400 garrafas de vinho que pertenciam ao senhor…

– Da Marisa. Gostava de um vinho, aquela ali.

– Mas os vinhos eram dela?

– Se eram eu não sei, porque ela não me dizia. Mas eu deduzo que eram, porque quando eu abria uma garrafa ela bebia.

– O senhor orientou o sr. Léo Pinheiro a destruir provas…?

– Foi a Marisa.

– Ela lhe disse isso?

– Não me disse, mas eu conheço aquela galega. Destruía tudo o que via pela frente, se deixasse rasgava até dinheiro. Mas dinheiro eu não deixava.

– Então o senhor não tem nada a declarar.

– Tenho. Eu declaro que vou me candidatar à presidência de novo. Eu continuo sendo a alma mais honesta deste país. Eu, mesmo, não quero me candidatar. Mas esse é um desejo da Marisa.

– Mas, convenhamos, me desculpe, a D. Marisa está morta.

– Está morta para o senhor, que é um homem insensível, frio e sem sentimento. Pra mim a Marisa continua viva.

Informativo Misto Brasil

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo gratuito no seu e-mail, todas as semanas

Assuntos Relacionados



Informativo Misto Brasil

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo gratuito no seu e-mail, todas as semanas