A jornalista e escritora argentina Leila Guerrieiro entrou no mundo da reportagem quase por casualidade, nos anos 90, e hoje se converteu em uma das principais referências do jornalismo narrativo latino-americano.
Nas palavras do escritor peruano Mário Vargas Llosa os perfis biográficos que desenha Leila demonstram que o jornalismo pode ser uma arte e produzir obras de valia, sem renunciar a sua obrigação primordial, que é informar. Nesta entrevista o El País, Leila resume sua receita de jornalismo e objetividade.
“Falamos hoje de duas crises distintas do jornalismo. Há uma questão de crise relacionada aos 140 caracteres, à rapidez, à imediatez e que o texto seja impactante em busca da audiência. Mas a outra é algo que sempre foi por outro lugar: é que as grandes reportagens têm outro tipo de leitor, que nunca foi um público massivo. Sempre foi um leitor mais de nicho. Por isso, os jornais não são o espaço para esse tipo de texto, que funcionam mais para revista. Não sei o que vai acontecer, mas não sou pessimista. Com esforço e empenho se encontram lugares para publicar coisas mais longas. Um texto extenso tampouco implica que seja bom. Além de longo, precisa ser bom”.
“O que acredito é que é preciso ter uma subjetividade honesta. Buscar a objetividade é como ter o dom da onisciência. Ou seja, é impossível. Todos escrevemos a partir de um lugar de subjetividade, somos pessoas e produto de várias experiências. A reportagem serve para chegar a uma informação que seja a mais honesta e honrada possível. No jornalismo, nos deparamos com questões que queremos e outras horríveis que preferíamos não saber. A honestidade consiste em aplicar um olhar equilibrado e que contemple todos os pontos de vista”.