O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, toca numa questão fundamental. É o dedo na ferida. Não há autocrítica de um lado e de outro. E sem a autocrítica, é impossível reconciliar o pais e encontrar o caminho que a população anseia.
Michel Temer, Lula da Silva, Aécio Neves, Marina Silva, Gilmar Mendes – para citar alguns nomes – se omitem nesta questão: a de dar a mão à palmatória pelos erros, pelos desacertos, pelos fracassos, pela corrupção, pela manutenção de privilégios e pela falta de coragem de ajudar em verdadeiras reformas.
Cada um desses representantes faz a política do umbigo, a política de chegar o poder não importa os meios. A máxima de “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel. São perniciosos, forjados na interpretação segundo a qual tudo se justifica.
Lula da Silva está numa descarada campanha eleitoral muito antes do permitido. E os demais pré-candidatos, com menos ímpeto, também se lançaram na estrada. Enquanto isso, nossa saúde, a educação e a segurança pública caminham por um caminho sem volta.
Fernando Haddad, em entrevista à BBC divulgada nesta manhã, afirma sem papas na língua: “É difícil você conseguir que as partes façam as autocríticas cabíveis e promovam uma virada de página porque tudo virou briga de facção no Brasil.”
Ponto. É o que se extrai do depoimento. Não há o que dizer o contrário. O Brasil virou um país de facções criminosas que dominam os presídios, a política e o Estado.
Somos uma massa de manobra onde a mentira é a moeda de troca e onde a verdade é a primeira vítima. Uma guerra construída em discursos de inverdades, de falta de ética.