A viagem que fez à China, junto com a comitiva presidencial, deu frutos para o deputado Carlos Marun (PMDB-MS). Ele é o relator da suspeita CPMI da JBS. Integrante da então tropa de choque do deputado cassado Eduardo Cunha e agora das forças de frente de Michel Temer, a indicação de Marun já provocou constrangimento na comissão.
O senador tucano Ricardo Ferraço (ES) já pediu para sair. “Deixa a impressão de acerto de contas, de revanche, que descaracteriza a necessária investigação dos fatos”, disparou Ferraço. Detalhe que a indicação do relator é do presidente da Comissão, que vem a ser o senador tucano Ataídes Oliveira (MT). “Não tive como não atender a um pedido do PMDB”, admite. Outro senador que pediu para sair foi Otto Alencar (PSD-BA), alegou motivos semelhantes.
A CPMI começa também por outras suspeitas. Quase a metade dos membros foram financiados pelo dinheiro do Grupo J&F, que controla a JBS. Marun, por exemplo, recebeu mais de R$ 103 mil como ajuda de campanha.
Dos 48 integrantes da CPMI da JBS indicados até agora, segundo levantamento da CBN, 14 receberam doações do grupo comandado por Joesley Batista.
A CPMI da JBS terá 68 integrantes entre titulares e suplentes – 34 deputados e 34 senadores. Até agora, 48 integrantes foram indicados. Entre eles, além de Carlos Marun, receberam doações da JBS os senadores Davi Acolumbre (DEM), Acir Gugacz (PDT), Paulo Rocha (PT), Welligton Fagundes (PR); e os deputados Paulo Pimenta e Andres Sanches (PT), João Rodrigues (PSD), Flavinho do PSB, Marcelo Aguiar (DEM), Weverton Rocha e Pompeo de Matos (PDT) e Professor Victório Galli (PSC).
O senador José Medeiros (Podemos-MT) é suplente de Pedro Taques, que deixou o Senado em 2014 para assumir o governo de Mato Grosso, mas recebeu doações da JBS na eleição para senador em 2010, na chapa em que Medeiros concorreu como suplente.