Governo brasileiro vai destacar mais tropas para patrulhar a fronteira com a Venezuela e vai começar a relocar dezenas de milhares de refugiados venezuelanos que fugiram para o norte do Brasil, anunciou o Ministro da Defesa Raul Jungmann. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, também anunciou um reforço da segurança na fronteira com a Venezuela. Bogotá pôs termo ainda aos vistos temporários e só os venezuelanos com passaporte carimbado podem entrar na Colômbia.
Perante o agravamento da crise humanitária, o Brasil anunciou que vai conduzir um recenseamento para apurar o número exato de venezuelanos que cruzaram à procura de comida, trabalho e abrigo em cidades como Boa Vista, estado do Roraima, onde as autoridades locais afirmam que mais de 40 mil refugiados estão a sobrecarregar o sistema de saúde e outros serviços públicos. Dali, os venezuelanos deverão ser recolocados noutros estados brasileiros.
“É um drama humanitário. Os venezuelanos estão a ser expulsos do seu próprio país pela fome, falta de trabalho e de medicamentos”, disse Jungmann aos repórteres, durante uma visita a Boa Vista.
O exército brasileiro irá duplicar o seu contingente de soldados na fronteira, passando para 200 soldados, afirmou o ministro. A visita ao Roraima decorreu ao mesmo tempo que a Colômbia também anunciava medidas similares, com o envio de mais 2000 militares para a fronteira.
“A Colômbia nunca viveu uma situação como a que estamos a assistir hoje”, disse o presidente Juan Manuel Santos, citado pela AP. “É uma tragédia”, continuou. “E quero reiterar ao presidente Maduro: isto é o resultado das suas políticas.”
Estima-se que o número de refugiados venezuelanos na Colômbia tenha duplicado nos últimos meses para cerca de 600 mil, com pelo menos 300 mil em situação irregular no país.
O êxodo de venezuelanos para os países vizinhos disparou com o colapso da economia e a consolidação do projeto de poder de Nicolás Maduro. De acordo com a Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos, entre 2014 e 2016, pelo menos 1,3 milhões de venezuelanos encontravam-se subnutridos — um valor 3,9% superior ao do triénio homólogo e que ainda não reflete o recente agravamento das condições económicas no país.
Entretanto, o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano marcou os presidenciais para 22 de Abril. Maduro é candidato à reeleição, com a oposição a denunciar a estratégia do presidente venezuelano para impedir vários adversários pedirem votos e, dessa maneira, apresentar-se sozinho perante o eleitorado.