O parto da montanha

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Delineados os primeiros panoramas e nomes para a corrida presidencial, embora não seja ainda um quadro definitivo, sente-se que as urnas podem eventualmente ser forçadas a parir um rato em lugar de uma solução. 

E este camundongo, como se egresso de um laboratório nuclear e por ele contaminado, irá apenas gerar um intervalo, um intermezzo, após o qual as forças negativas nele contidas explodirão num incontido embate social. 

Não que se negue aos candidatos postos qualquer virtude, mas aos que têm algumas qualidades, faltam outras, de tal sorte que um deles vencerá, mas o Brasil não. 

A implosão do Estado, já em curso e dispensando comentários a não ser como desabafo que nos poupe de sufocar, caracteriza uma situação heterodoxa, que a ortodoxia democrática tem enorme dificuldade em enfrentar. 

Contra a democracia utilizam-se os direitos que ela própria assegura. 

Não se trata de um duelo elegante dos séculos XVIII ou XIX, mas de uma luta desigual em que a ordem constituída luta dentro das regras da esgrima, enquanto os adversários da lei respondem com armamento pesado, tanto no sentido figurado, como na realidade propriamente dita. 

As constituições democráticas que nos cabe salvar a todo custo, não podiam e não puderam prever a realidade proclamada por Mao, de que “o poder está na ponta dos fuzis”. 

Não nos ajuda nessa luta o fato de que na verdade não somos um regime integralmente republicano, mas uma “República Coroada”, em que a composição e a sucessão políticas se fazem por consanguinidade e não pelo mérito aferido pelo eleitorado, que sofre o controle do coronelismo insuperável. 

Nem nos auxilia o exemplo vindo das grandes nações do mundo, como a China e a Rússia, em que a possibilidade de mandatos vitalícios dá o apoio da esquerda às ditaduras da direita. 

Tampouco nos socorre que exatamente neste momento os Estados Unidos da América sofram as agruras de um reality show, como se fosse verdadeira a afirmativa de Chaplin em O Grande Ditador, no sentido de que “democracy is fake”, a democracia é uma farsa. 

O remédio para uma candidatura exitosa e uma presidência bem sucedida exige o que hoje falta tanto à esquerda quanto à direita, carisma. 

Realmente foi uma precipitação do destino fazer com que nascessem em outra década personalidades como Juscelino Kubitschek,  Kennedy, Guevara, Khrushchev e João XXIII. 

E é uma ironia trágica que logo agora possa vir por aí um camundongo burocrático, ainda que aparentemente bravio, com radiações letais sobre a ordem e a prosperidade, pela incompetência em fazer o que é bom ou a irresponsabilidade de deixar passar o que é mal, em uma nova versão do laissez faire, laissez passer. 

Só o voto, correto, consciente e livre pode nos salvar. Daí a importância de outubro de 2018, para a República e para o Brasil.

 

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