Renan Calheiros sai dessa eleição desmoralizado. Não apenas ele: toda a oposição. Renan achou que poderia ganhar na conversa, mostrou-se negociável, comprou as pautas do Governo Bolsonaro a fim de quebrar a forte resistência contra seu nome.
Pesam contra ele, contudo, anos de mau-caratismo, quando se colocou sempre ao lado de quem estava no poder e poderia lhe trazer alguma vantagem.
Renan foi fiel escudeiro de Collor, Lula e Dilma. Caso tivesse tido a oportunidade, é possível que tentasse negociar com Bolsonaro o preço de sua fidelidade. Mas pesa contra Renan o fato de que é réu por corrupção há vários anos, mas nada lhe acontece.
Ele se tornou uma dessas figuras míticas e nefastas da política brasileira, identificada com o atraso e o coronelismo, dessas que o povo ama odiar.
Contando sempre com o foro privilegiado e amizades convenientes no STF, jamais foi levado a julgamento por seus maus atos. O que não é de se estranhar: de 1988 para cá, 500 parlamentares foram julgados pela digníssima Corte, mas apenas 16 foram condenados.
Renan agora vai procurar se reerguer como articulador central da oposição, a fim de recuperar algum poder. Por isso, nós, o povo brasileiro, temos que nos lembrar sempre de que o preço da liberdade é a eterna vigilância.