Obstáculos no caminho de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro
O racha no Centrão pegou o presidente Jair Bolsonaro de surpresa/Arquivo

É inegável o fato de que o presidente Jair Bolsonaro tem o apoio consistente de cerca de 30% da população. Esse contingente nada desprezível dá a ele condições para seguir com suas ações polêmicas e, mais ainda, o mantém competitivo no cenário eleitoral.

Essa competitividade foi confirmada no mais recente levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas. Os números são claros. Caso houvesse eleições hoje, Bolsonaro venceria em todos os cenários – bateria adversários como o ex-presidente Lula, Sérgio Moro, Fernando Haddad e João Dória, um desempenho e tanto, levando-se em conta a gestão caótica da pandemia e o péssimo estado da economia.

Assim, o presidente pode comemorar previamente seu êxito e se preparar para uma reeleição tranquila? Longe disso. Alguns obstáculos de relevo estão em seu caminho e, caso não sejam superados, dificultarão muito o futuro do titular do Planalto.

Em primeiro lugar, Bolsonaro precisa de um partido. Após o rumoroso rompimento com o PSL e a tentativa frustrada de criar o Aliança pelo Brasil, o presidente busca uma alternativa. O Republicanos pode ser um caminho, pois é ideologicamente afinado e tem em suas fileiras Carlos e Flávio Bolsonaro. No entanto, o partido mantém alianças regionais com agremiações de esquerda. Outra opção seria o Patriota. Esse, porém, abriga o MBL, hoje inimigo visceral de Bolsonaro. Por fim, o PRTB do vice-presidente Mourão está no radar – a legenda tem escasso tempo de TV e poucos recursos do fundo eleitoral, no entanto. Enfim, o titular do Planalto precisa resolver essa equação para se colocar na disputa.

Ainda no plano partidário, o racha no Centrão pegou Bolsonaro de surpresa. O bloco suprapartidário recentemente se aliou ao presidente e ganhou espaço no governo. A saída de MDB e DEM e as anunciadas defecções de PTB e PROS colocam por terra as pretensões iniciais de Bolsonaro, que agora fica com um grupo bastante desidratado em mãos. Nessa nova configuração, o custo das negociações políticas com os partidos subirá drasticamente.

As investigações em curso envolvendo pessoas próximas aos presidente, como o senador Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabrício Queiroz, têm potencial de chegar em definitivo ao Planalto e atingir em cheio o comandante da nação. Aqui, o risco é elevado.

Por fim, os efeitos econômicos da pandemia, já desastrosos, poderão ser ainda piores a depender da evolução dos fatos. Com um cenário de desemprego elevado, empresas quebradas, queda expressiva do PIB e recursos públicos escassos, qual será a capacidade de reação de Bolsonaro e sua equipe econômica? Importante ressaltar aqui que a ajuda emergencial de hoje, que contribuiu para melhorar a popularidade do presidente nos estratos inferiores da sociedade, chegará ao fim e deixará boa parte da população mais vulnerável à deriva. Tempos ainda mais sombrios se aproximam.

Como se vê, Bolsonaro anda sobre gelo fino. Suas assumidas pretensões eleitorais correm sério risco, apesar do apoio que tem hoje de 30% dos brasileiros. O castelo do atual titular do Planalto poderá ruir a médio prazo.

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