Texto de Karine Melo
A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado aprovou nesta segunda-feira (21) o convite para que o chanceler Ernesto Araújo fale sobre a visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, na sexta-feira (18), à Roraima, e suas declarações sobre a Venezuela. A audiência deve ser realizada nesta quinta-feira (24).
O senador Telmário Mota (Pros-RR), em seu requerimento, quer saber da ajuda de US$ 30 milhões do governo americano para questões humanitárias no momento que presidente norte-americano Donald Trump disputa a reeleição. Segundo Mota, no pico da migração de venezuelanos no estado, “os Estados Unidos não estavam presentes, não ajudaram”. O mesmo, segundo o senador, ocorreu na hora da pandemia, quando Roraima ficou sem nenhum respirador.
Em Roraima, ao lado de Ernesto Araújo, Pompeo voltou a endurecer o tom contra Nicolás Maduro. No encontro, o secretário afirmou que o venezuelano não é apenas um líder que destruiu seu país numa crise com as proporções mais extraordinárias na história moderna. “Ele também é um narcotraficante, que envia drogas ilícitas aos Estados Unidos e aos americanos, todos os dias”, disse o secretário de Estado americano.
Em defesa do encontro, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), ressaltou que a ida do secretário de Estado dos EUA a Boa Vista foi uma etapa da América do Sul, que incluiu ainda visitas ao Suriname, Guiana e Colômbia, “e precisa ser analisado do ponto de vista mais amplo da parceria estratégica entre o Brasil e o governo norte-americano”.
No sábado (19), o Itamaraty divulgou nota do ministro Ernesto Araújo sobre a passagem de Pompeo no Brasil. “Absolutamente nada no posicionamento do Brasil contra a ditadura de Maduro e em favor de uma Venezuela livre fere qualquer dos princípios do Artigo 4° da Constituição. Muito pelo contrário, nossa atuação descumpriria a Constituição se fechássemos os olhos à tragédia venezuelana”, disse o chanceler na nota.
(Karine Melo trabalha na EBC)