As eleições municipais: recados claros para 2022 estão à mesa

ACM Neto e o prefeito eleito de Salvador Bruno Reis
ACM Neto (ao lado do prefeito de Salvador Bruno Reis) é acusado de se aliar a Bolsonaro/Arquivo
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Texto de Luciano Lima

As eleições municipais deste ano no Brasil me surpreenderam e deixaram para os amantes da política um cenário superinteressante. 2022 promete!

Antes de tudo, é preciso reconhecer que o fator Covid-19 teve sua parcela de influência nos resultados das eleições municipais. Para o presidente Jair Bolsonaro e o PSL os cenários colocados até agora, e não devem mudar, foram desastrosos. O PSL, por exemplo, elegeu 87 prefeitos em todo o Brasil. A ideia de Bolsonaro de criar ou mudar de legenda tem que ser levada a a sério. O recado está dado!

ACM Neto se fortalece no xadrez político nacional – O DEM (Democratas) é sem dúvida o grande fenômeno dessas eleições. Independente dos resultados do segundo turno, onde o partido também vai disputar em várias cidades com mais de 200 mil habitantes, o resultado coloca definitivamente no xadrez da política nacional o nome do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto.

Além de eleger com os “pés das costas” o candidato Bruno Reis, que é seu vice-prefeito, o jovem herdeiro político do clã Magalhães chega devagarinho e vai mexendo as peças do tabuleiro com muita sabedoria, paciência e percepção do atual momento do país.

ACM Neto deixou a prefeitura de Salvador como o mais bem avaliado gestor municipal (entre as capitais) do Brasil e tem tocado o DEM, um partido que na eleição passada foi dado como morto, com muita inteligência, afastando os radicalismos e ponderando aproximações com grupos políticos.

Centrão é a bola da vez – Outro legado deixado pela eleição municipal de 2020 é o fortalecimento do bloco (ou grupo) Centrão, que é formado oficialmente pelos partidos PP, Republicanos, PL, Solidariedade e PTB, e em certos momentos são somados o PSD, MDB, DEM, PROS, Avante e Patriota. O Centrão saiu grande e vai forçar ainda mais o presidente Jair Bolsonaro a ter um diálogo com o Congresso Nacional. O bloco ou grupo vai ter papel mais decisivo e afirmativo nos rumos do país nos próximos dois anos.

Os recados foram dados e são claros como o azul do céu. Não haverá espaço para os radicalismos. O eleitor rejeitou os radicais de esquerda e de direita. Apesar dos pequenos avanços do PSol e o PCdoB, o resultado final vai mostrar que não haverá espaço para os radicais. O PT também foi pulverizado. Outro partido que perdeu bastante prefeituras foi o PSDB. Lembrando que as análises são baseadas nos resultados do primeiro turno.

Efeito “quanto pior, melhor?” – A vitória de Boulos seria um desastre para São Paulo por vários motivos. Mas apesar do favoritismo e da inteligente descolada do Governador João Doria, é bom Bruno Covas colocar as “barbas de molho”. Não seria nada impossível que  adversários políticos de João Doria possam apostar em Boulos para aplicar a máxima do “quanto pior, melhor!”. Que se iniciem os diálogos!

(Luciano Lima é historiador, jornalista e radialista em Brasília)

Desempenho dos maiores partidos nas eleições de domingo

MDB – 766 (1044 em 2016)

PP – 672 (495 em 2016)

PSD – 640 (539 em 2016)

PSDB – 497 (799 em 2016)

DEM – 458 (268 em 2016)

PL – 338 (297 em 2016)

PDT – 307 (334 em 2016)

PSB – 251 (407 em 2016)

Republicanos – 209 (105 em 2016)

PTB – 206 (256 em 2016)

PT – 189 (254 em 2016)

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