Começa nesta sexta-feira (12) o despejo dos jornalistas do Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. O local de 288 m2 que atende, desde a década de 1960, a mais de 30 veículos de comunicação do Brasil e do estrangeiro, será transformado em gabinete do presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP-AL). A Câmara tem cerca de 500 jornalistas credenciados.
A decisão de retirar o Comitê de Imprensa foi tomada no afogadilho. O próprio presidente Arhur Lira admitiu nesta tarde que não há projeto. A improvisação – que poderá afetar inclusive o patrimônio público tomado pelos órgãos que preservam a memória de Brasília – vai alterar também a estrutura da sala da Secretaria Geral da Mesa (SGM), que será deslocada para receber os jornalistas. O Comitê serve de base para que os jornalistas possam produzir suas reportagens, que são compartilhadas em diferentes mídias.
A área de 107 m2 terá que atender a 60 profissionais credenciados, que diariamente fazem uso do Comitê. São funcionários de emissoras de rádio, de televisão, de revistas e de sites noticiosos. Nesta semana, a presidência da Câmara tinha reservado para o Comitê de Imprensa um subsolo do prédio principal, que foi apelidado de “porão da Câmara”, numa alusão aos anos de chumbo da ditadura militar. O local é muito pequeno, não tem janelas e nesta pandemia, é um vetor do vírus do Covid-19.
As obras do futuro gabinete do presidente da Câmara podem durar quase um ano. Não há estudos sobre o impacto desses mudanças e muito menos uma concorrência pública para os serviços, e aquisição de material de construção ou mobiliário.
A mudança do Comitê de Imprensa recebeu críticas dos atuais setoristas, de veteranos jornalistas, de parlamentares e de representantes do patrimônio público. O local do comitê está previsto desde o projeto original do arquiteto Oscar Niemeyer. Portanto, antes da construção do Congresso Nacional.
O local é estratégico para a cobertura diária das atividades legislativas, porque fica a poucos metros do plenário da Câmara e do Salão Verde, onde são realizadas a maioria das entrevistas. Do Comitê também são filmadas e fotografas as manifestações que são realizadas no gramado do Congresso Nacional. A cobertura pela Imprensa é fundamental e faz parte dos requisitos fundamentais para a transparência dos atos públicos e da imprensa livre.