Optar por um nome da casa foi a solução escolhida pelo governo após a saída de André Brandão do cargo de presidente do Banco do Brasil, mudança que era alvo de muitas especulações desde os primeiros dias de 2021. Porém, mesmo quando a saída de Brandão ainda era uma hipótese (apesar de provável), analistas de mercado mostravam pouca animação com qualquer nome que se especulava – algo que não mudou depois de ser conhecido o substituto do CEO demissionário.
Brandão anunciou a sua renúncia ao cargo na noite da última quinta-feira; ele fica na instituição até o fim de março, quando será substituído, mediante aprovação, pelo atual diretor-presidente da BB Consórcios, Fausto de Andrade Ribeiro – nome indicado pela equipe econômica.
Fausto de Andrade Ribeiro tem 52 anos e é presidente da subsidiária do BB desde setembro de 2020. Antes de assumir o cargo, ele foi gerente executivo do banco por quase quatro anos, responsável pela área de canais de terceiros, como correspondentes bancários, banco postal, redes compartilhadas e Banco 24 horas. Ele foi gerente geral da instituição financeira para Espanha e Marrocos, gerente executivo e responsável pela área de controle contábil do BB e gerente executivo do Banco Patagônia em Buenos Aires.
O executivo é formado em Administração pela Universidade Católica de Brasília e Direito pelo Centro Universitário de Brasília. Tem especialização em economia pela The George Washington University e MBA em Finanças pelo Ibmec. Está no BB desde setembro de 2000.
Apesar de todas as credenciais do executivo, a desconfiança sobre os rumos do banco com o novo CEO – ainda mais em um cenário de maior interferência do governo nas empresas estatais em um ambiente em que a competição no setor bancário está cada vez mais acirrada – motiva a cautela dos analistas.
Ribeiro, funcionário de carreira no BB desde 1988, será o terceiro presidente do banco em cerca de seis meses, com Brandão cedendo ao desgaste com o presidente Jair Bolsonaro após o anúncio em janeiro de um plano de reestruturação do banco envolvendo fechamento de 112 agências do banco e um plano de demissão voluntária, com expectativa de adesão de 5 mil funcionários. O anúncio desagradou o presidente Jair Bolsonaro na época, que buscou forçar uma demissão do executivo, bem avaliado pelo mercado. O presidente teria se incomodado pelo fato de não ter sido avisado previamente, iniciando um processo de “fritura” que foi encerrado ontem.
Assim, os questionamentos sobre a independência de atuação do novo executivo, ainda mais por se tratar de um nome que já faz parte do quadro interno, e as dúvidas sobre como será o processo para aumentar a eficiência do banco seguirão no radar dos mercados. (Do Infomoney)