Texto de Maya Felix
Aniversário de Brasília. Só quem ama sabe o que é “brincar embaixo do bloco”. Sabe o que significam HIGS, SHIS, SQN, SIA, SIG, SCN, SCS, quadra, bloco, apartamento, W-3, L-2, Eixão, 109, 502, 315, UnB, Concha Acústica, Parque da Cidade, seca, a bênção da primeira chuva depois da seca, o rock.
Brasília se constituiu de retas e planos, imóveis administrativos pouco funcionais e muitas áreas verdes. A forma de avião de seu Plano Piloto nos faz lembrar que os voos têm sido turbulentos. A beleza das primaveras e de seus ipês e cigarras tocando Vivaldi entram pelas narinas no cheiro de terra molhada, invadem os ouvidos e enchem os olhos de deslumbre.
Brasília, eu sempre vou te amar. Os shoppings e seus cinemas, a velha Academia de Tênis, o Festival de Cinema no Cine Brasília, o pedalinho do Parque da Cidade, as entrequadras, os antigos mercados SAB e os sacos de papel pardo grosso que às vezes rasgavam. Eu sempre vou te amar, as escolas classe, as escolas parque, a Escola de Música, a Biblioteca do INL na 507/8 Sul. Eu sempre vou te amar, a UnB vazia e silenciosa dos anos 70, a vastidão em que eu meditava no silêncio.
Eu sempre vou te amar, o Conjunto Nacional, o Conic, a Rodoviária e a Pastelaria Viçosa.
A Pizza Dom Bosco. A Água Mineral da minha infância. Eu sempre vou te amar. O Setor Leste, o GAN, a Escola Classe 102 Norte, a Escola Classe 305 Sul, o Jardim de Infância da 404 Norte. A Creche Candanguinho. A banca de revistas da 403 Norte e a Turma da Mônica e da Luluzinha. Eu sempre vou te amar, o Jogo de Cena, a Feira de Música, a capoeira na UnB.
Eu sempre, sempre, sempre vou te amar. O frio de julho. A Praliné, a Sodiler. O Cine Atlântida. Eu estou aí. Eu respiro aí. Eu existo aí. A Igreja Metodista da Asa Norte. A Serenata de Natal e a Biblioteca da UnB. O Bandejão. O C. A. de Letras. O LIV. E serás LIV enquanto eu viver. Dia 21 de abril, 61 anos. Parabéns, minha Brasília.
