O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é alvo neste momento de uma operação da Polícia Federal que mira a exportação ilegal de madeira para a Europa e Estados Unidos. O Supremo Tribunal Federal determinou o afastamento de dez servidores públicos lotados no Ibama e no Ministério do Meio Ambiente. Texto em atualização.
Estão sendo cumpridos 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo e no Pará. Um desses mandados judiciais é contra o ministro para buscas em endereços de Ricardo Salles. Estão empregados nesta operação 160 agentes federais.
As investigações têm por finalidade apurar corrupção, prevaricação e facilitação de contrabando pelos servidores públicos.
No último dia 26 de abril, o ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva, detalhou, na Câmara dos Deputados, as denúncias de organização criminosa, advocacia administrativa e obstrução de fiscalização por parte do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. As denúncias constam de notícia-crime que o delegado enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 14 de abril. Saraiva participou, nesta segunda-feira (26), de audiência virtual conjunta das Comissões de Legislação Participativa e de Direitos Humanos.
Os supostos crimes de Ricardo Salles ocorreram após a Operação Handroanthus, da Polícia Federal, apreender 213 mil metros cúbicos de madeira ilegal na divisa entre Amazonas e Pará, no fim do ano passado. A investigação apontou desmatamento ilegal, grilagem de terra, fraude em escrituras e exploração madeireira em áreas de preservação permanente. Saraiva foi exonerado da superintendência do Amazonas um dia após enviar a notícia-crime para o STF. O delegado relatou aos deputados a atuação do ministro Ricardo Salles em prol de quem chamou de “criminosos ambientais”.
“O senhor ministro deu várias entrevistas criticando a operação, mas não ficou só no discurso. Ele foi até a área e fez uma pseudoperícia de 40 mil toras: ele olhou duas e disse que, em princípio, estava tudo certinho e que as pessoas apresentaram escrituras”, disse o delegado. Segundo Saraiva, porém, não apareceram os donos de mais de 70% da madeira apreendida. “Se ninguém reivindicou, como é que o ministro pode dizer que está tudo certo e a investigação da Polícia Federal está errada?”, questiona.