Analista comenta a estratégia do pré-candidato à Presidência que sonha em ser uma alternativa a Lula e a Bolsonaro
Na segunda-feira (21), o Ciro Gomes (PDT) postou um vídeo no qual segura a Bíblia em uma mão e a Constituição em outra. No vídeo, Ciro diz que “o Brasil é uma República laica, mas a Bíblia e a Constituição não são livros conflitantes”. A Sputnik Brasil explica as possibilidades de a candidatura de Ciro Gomes se configurar.
Para compreender melhor a estratégia de Ciro em busca da consolidação como candidato alternativo a Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (sem partido), a agência Sputnik Brasil conversou com Graziella Testa, da Escola de Políticas Públicas e Governo da FGV.
Comentando se a publicação de Ciro faria parte de uma estratégia política para consolidar sua candidatura, Graziella Testa afirmou que o ex-ministro pretende alargar seu espectro político de voto em busca de um eleitorado que ele ainda não tem.
“Ao que tudo indica, a estratégia do Ciro Gomes está sendo alargar o espectro político de voto dele. Isto está sendo um pouco delicado na política brasileira por conta deste processo de polarização, mas o que o Ciro está buscando é um eleitorado que ele ainda não tem, o que é um movimento natural para um candidato que já tentou, mas não conseguiu se eleger”, explicou.
Graziella também afirmou que este movimento “foi o mesmo que o Lula fez ao longo das tentativas dele para assumir a Presidência da República. Então, a ideia dele é alargar a possibilidade de eleitorado, e por isso ele quer se aproximar de um eleitorado que é tradicionalmente bolsonarista, e daí ele vai buscar quais são as características destes eleitorados bolsonaristas para poder buscar alcançá-los”.
A gravação de Ciro surgiu logo após o ex-presidente Lula se encontrar no Rio de Janeiro com Manoel Ferreira, bispo primaz da Assembleia de Deus, uma das maiores igrejas do País.
Falando sobre as possibilidades de Ciro se tornar um candidato aceitável ao eleitorado evangélico, Graziella Testa afirmou que o “eleitorado evangélico, por incrível que pareça, é diverso”.
“A gente tende a alocar os evangélicos como se votassem em conjunto em todos os momentos, em todos os casos. Existe uma estrutura de algumas igrejas evangélicas muito consolidadas que ajuda a orientar o voto, sobretudo em relações proporcionais. Mas a eleição para a Presidência da República, ela é menos dominada por estes grupos […]”, ressaltou.
Somos um Estado laico, mas a Bíblia e a Constituição não são livros conflitantes. O mesmo acontece com a religião e a política. Se observamos bem, veremos que ideias centrais do cristianismo inspiram a vida de todos nós que lutamos por um Brasil melhor. #ReligiãoEPolítica pic.twitter.com/LQ26SZeMDE
— Ciro Gomes (@cirogomes) June 21, 2021