Brasília marca os locais onde o rock começou a fazer história

Brasília concha acústica DF
A Concha Acústica é um dos pontos da Rota do Rock/Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O governo local inicia a implantação de placas roteiro foi batizado de Rota do Rock

Texto de Luiz Cláudio Ferreira

Guitarras, baterias, sons e emoções no último volume. “Imagine ficar no exato local onde começou a banda Aborto Elétrico, a Legião Urbana, Capital Inicial, a Plebe Rude… Imagine saber o endereço onde começou aquela história”. A imaginação do músico Philippe Seabra, guitarrista de Plebe Rude, foi uma das responsáveis por tirar do papel um projeto de demarcar os endereços que fizeram Brasília (ou todo o Distrito Federal) ficar conhecida como a Capital do Rock. 

Justo nesta terça (13), Dia Mundial do Rock, o governo local inicia a implantação de placas de informação em 15 desses lugares. Ao todo, serão 41. Não à toa este roteiro foi batizado de Rota do Rock. Seabra é o curador dessa iniciativa – que tem recursos público-privados – para que, mesmo quando houver silêncio, os sons da memória toquem mais alto.



“Desde a década de 1960, tinham bandas de rock na cidade, como Os Primitivos, ou Os Régis, por exemplo. Com o Teatro Nacional ainda sendo construído, em 1966, eles já estavam tocando. Isso é muito clássico”, pontua Seabra.  Ele entende que nessa Brasília, de endereços diferentes, de ruas batizadas por números de quadras da Asa Sul e da Asa Norte, o rock está por toda parte. “A preservação é um legado que quero deixar para o meu filho para que essa história não desapareça. Sem dúvida, Brasília ainda é a Capital do Rock”.

O Centro Cultural Renato Russo é um dos pontos da Rota do Rock.

Entre o final da década de 1970 e início dos anos 1980, aqueles jovens, inspirados pelas novidades do punk rock norte-americano, inventaram uma forma de fazer o ritmo com temas brasileiros. Encontravam-se nas garagens de casa e do prédio para fazer suas canções. “Desde muito pequeno, aquilo me chamava atenção, a partir da adolescência. Aquele movimento mudou a história do rock brasileiro. Plebe Rude, inclusive, chega em 2021 também aos 40 anos de história”, diz o guitarrista.

A secretaria de Turismo do Distrito Federal explica que, quando o visitante chegar a um desses locais, poderá conhecer um resumo da história que aconteceu ali a partir de um QR Code que estará visível no local. As placas terão iconografia e identificação por uma nota musical.

Nesta terça (13), é inaugurada a placa da Torre de TV. Ainda nesta semana, outras 14 peças serão colocadas, em lugares que já são espaços turísticos, como a Ermida Dom Bosco, mas também em frente a prédios que poderiam passar despercebidos por quem não conhece os detalhes. No conjunto residencial da Colina, onde residem professores e estudantes da Universidade de Brasília, por exemplo, aqueles jovens roqueiros se reuniam para compor e tocar, e assim ficaram famosos como “Turma da Colina”.

As placas

Torre de TV – local onde vários grupos de rock da cidade se apresentaram ao longo dos anos.

UPIS – faculdade particular de Brasília que abrigou diversas apresentações musicais, inclusive de rock.

QI 8 do Lago Norte – residência de Philippe Seabra, era o QG da Plebe Rude.

Colina, na UnB – ali os filhos dos professores universitários e estudantes da UnB se encontravam para tocar e compor. Foi embaixo do bloco A da Colina que nasceu o Aborto Elétrico.

Ed. Rádio Center – foi neste local que muitas das bandas da cidade ensaiavam. A recém-criada Legião Urbana dividia o aluguel de uma das salas com a Plebe Rude e o XXX.

Esplanada dos Ministérios – os maiores shows da cidade acontecem na Esplanada dos Ministérios, e várias bandas nacionais tocaram ali. Entre elas, o Capital Inicial, que gravou o DVD Multishow ao Vivo durante um show de aniversário de Brasília, com mais de um milhão de espectadores.

Estádio Nacional Mané Garrincha – o último show da Legião Urbana em Brasília, em 1988, aconteceu no antigo Mané Garrincha, e foi interrompido por problemas de organização e confusão generalizada.

Bloco B da 303 sul – prédio onde morou Renato Russo, foi onde ele compôs várias de suas canções e era ponto de encontro dos roqueiros.

Espaço Cultural Renato Russo – antigo Teatro Galpãozinho (508 sul), era parada obrigatória para os artistas de Brasília nas décadas de 1970 e 1980.

Entrequadra 110/111 sul– ali funcionava a lanchonete Food’s e era onde as bandas – que subiam em caminhões – costumavam se apresentar.

Centro de Convenções Ulysses Guimarães – inaugurado em 1979, foi o palco que recebeu grandes shows de bandas nacionais e internacionais

Concha Acústica de Brasília – projetada por Oscar Niemeyer, foi ali que foi lançado o LP Rumores, em 1985, marcando o punk rock oriundo da capital.

Centro Comercial Gilberto Salomão, no Lago Sul – local que recebeu o primeiro show do Aborto Elétrico, em 1980.

QI 9 do Lago Sul​ – onde fica a casa do Digão, que tocava com seu vizinho Rodolfo e tornou-se local de ensaio da banda Raimundos, surgida em 1986.

Ermida Dom Bosco – no gramado às margens do lago Paranoá aconteciam vários shows de rock, entre eles a gravação do DVD Rachando Concreto ao vivo, da Plebe Rude


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