Sobre democracia, tanques y otras cositas más

Blindado lançador de foguetes Esplanada
Lançador de foguetes estacionado nesta manhã na frente do Palácio do Planalto e do Congresso/Reprodução/Jota
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A mobilização, é claro, cai bem entre o eleitor bolsonarista mais fiel, cerca de 20% do eleitorado

Texto de André César

“A democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as demais”. A célebre frase, proferida por Winston Churchill em 1947, sintetiza o valor da democracia nas sociedades modernas. Em pleno século XXI, esperava-se que a questão estivesse devidamente consolidada. Ledo engano.

Brasília, 10 de agosto de 2021. Em plena pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) promove uma aglomeração ao patrocinar um desfile militar na Esplanada dos Ministérios. A explicação oficial, a entrega de um convite para uma manobra conjunta das três Armas, não convence. No dia da votação, pelo plenário da Câmara dos Deputados, da proposta que institui o voto impresso, a ação ganha ares de ameaça. A atual administração coloca em xeque a democracia.



A mobilização, é claro, cai bem entre o eleitor bolsonarista mais fiel, cerca de 20% do eleitorado. Mas é só. A sociedade como um todo, a imprensa, os mundos político e econômico e a comunidade internacional não aceitam um ato desse tipo. As manifestações em contrário já mostram isso.

Em primeiro lugar, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, recusou o convite para comparecer ao desfile. Igualmente partidos se mobilizaram contra a ação e acionaram a justiça. A grita foi grande.

Foto: Desvile de blindados e carros de guerra nesta manhã pela Esplanada dos Ministérios/Reprodução

No âmbito dos atores econômicos, o evento apenas reforça o crescente desconforto com a condução do país por parte de Bolsonaro. O manifesto em defesa da democracia e de eleições livres, divulgado dias atrás, ganha significado adicional.

A comunidade internacional também acompanha com apreensão o desenrolar dos fatos no país. Na avaliação de observadores externos, o Brasil é peça-chave para a manutenção da estabilidade política na América Latina. A situação geral é grave.



Mesmo na caserna não existe uma defesa fechada em torno dos movimentos do titular do Planalto. Pipocam informações sobre as críticas de diversos oficiais contra os abusos de Bolsonaro. As Forças Armadas, por sinal, perderam prestígio junto à opinião pública durante a pandemia, em função da desastrosa passagem do general Eduardo Pazuello no ministério da Saúde.

Enfim, o 10 de agosto de 2021 deixará triste memória para os brasileiros. Ao protagonizar o desfile de hoje, Bolsonaro pode estar colocando definitivamente em risco seu projeto de poder. O tempo dirá.



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