Educação, emprego e renda

Estudantes universitários Misto Brasília
O Fies é um sistema que ajuda a permanência do aluno na faculdade/Arquivo/Vittude
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Embora a formação técnica seja importante, que apenas 21% dos brasileiros de 25 a 34 anos têm ensino superior completo

Texto de Vivaldo de Sousa 

No final de abril, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reclamou do Fies, programa do governo federal que dá financiamento para estudantes cursarem o ensino superior. Na ocasião, ele afirmou que a iniciativa foi um “desastre” que enriqueceu empresários e que levou até filho de porteiro que zerou o vestibular para a universidade. Sem mostrar provas, disse que até quem “não tinha a menor capacidade” e “não sabia ler nem escrever” acessou a graduação por meio do programa.

Em fevereiro do ano anterior, antes da pandemia, Guedes havia comentado, ao falar sobre a alta do dólar na ocasião, que, , com o dólar mais baixo, “todo mundo” estava indo para a Disney, nos Estados Unidos, inclusive “empregada doméstica”. Na ocasião,  recomendou que os brasileiros viajassem pelo Brasil. Em reunião com empresários em maio de 2020, ao falar sobre auxílio emergencial, afirmou que, “se falarmos que vai ter mais três meses, mais três meses, mais três meses, aí ninguém trabalha”.



Nesta terça-feira (10), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, também surpreendeu ao falar, durante entrevista na TV Brasil que a universidade, na verdade, deveria ser para poucos. Embora a formação técnica seja importante, vale lembrar, que apenas 21% dos brasileiros de 25 a 34 anos têm ensino superior completo, segundo dados de 2019 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na média dos países da OCDE esse índice é de 44%.

E, sem uma discussão aprofundada, a Câmara dos Deputados aprovou, também nesta terça-feira, o texto-base de uma nova Reforma Trabalhista. A Medida Provisória 1045, editada pelo governo federal para reduzir jornadas e salários em meio à pandemia a fim de proteger empresas, ganhou emendas que cortam proteções trabalhistas, reduzem a renda dos trabalhadores, criam categorias de empregados de segunda classe e pioram as condições de trabalho dos mais jovens.


Apresentado pelo governo como  programa para garantir a qualificação profissional e a inclusão produtiva do jovem de baixa renda, de até 29 anos, no mercado de trabalho, o Regime Especial de Trabalho Incentivado, Qualificação e Inclusão Produtiva (Requip) permite, no texto aprovado, a contratação pagando menos do que o salário-mínimo, com “bolsa” de R$ 550,00 e redução no valor do 13º e do FGTS. Por fim, vale lembrar que o IBGE, que ainda está na “idade da pedra lascada”, divulgou em julho que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em maio estava em 14,6%.


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