Os temas econômicos e aqueles relacionados à pandemia da Covid-19 estarão nas agendas dos candidatos
Texto de Vivaldo de Sousa
Dentro de um ano, em 2 de outubro de 2022, teremos a oportunidade de votar novamente para escolher o sucessor de Jair Bolsonaro (sem partido) na Presidência da República. Entre os diversos assuntos relevantes para a sociedade brasileira, dois devem ter mais relevância nos debates e nas campanha: os temas econômicos e aqueles relacionados à pandemia da Covid-19.
Os temas econômicos incluem desde o aumento de preços, elevação da carga tributária e o desemprego. Essencial para cozinhar a comida de muitos brasileiros, o botijão de gás já custa quase R$ 100 e a tendência é de alta. Ainda dentro de casa, a conta de luz está nas alturas e com tendência de subir ainda mais para tentar evitar o racionamento de energia. Em alguns Estados, o litro da gasolina já supera R$ 7.
Em 12 meses, a inflação medida pelo IPC-A acumula alta de 9,68%. De acordo com os dados do IBGE, arroz, feijão, gasolina e energia elétrica subiram bem mais do que a inflação média, todos acima de dois dígitos. Os dados mostram ainda que a inflação está se disseminando para os diferentes produtos incluídos na pesquisa. De julho para agosto, o índice de difusão passou de 64% para 72%.
Neste mês de setembro, conforme prévia do IPCA-15, divulgada pelo IBGE no dia 24, a inflação acelerou para 1,14%, a maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994, no governo Itamar Franco. No ano, o índice acumulou alta de 7,02%. Já no acumulado em 12 meses, o indicador superou os dois dígitos, ficando em 10,05%. Dos 367 itens que compuseram a cesta analisada pelo órgão no mês, 253 registraram alta.
Com inflação em alta, o Banco Central é obrigado a elevar a taxa básica de juros da economia para tentar trazê-la para dentro da meta. Juros maiores encarecem o crédito e contribuem para dificultar a recuperação da economia, que ganhou fôlego com o avanço da vacinação. Se ajuda na corrida dos 100 metros, esse fôlego pode não ser suficiente para a corrida de 1.000 metros _ainda mais complicada se considerarmos que é uma corrida de obstáculos.
E um desses obstáculos é a taxa de desemprego. Embora os dados do mercado formal, aquele com registro em carteira, sejam positivos 373.265 novas vagas criadas em agosto e 2,2 milhões de janeiro a agosto, ainda havia 14,4 milhões de pessoas desocupadas no trimestre de abril a junho de 2021. No mesmo período, a renda média do trabalhador ficou em R$ 2.433, o que representou uma queda de quase 7% na comparação com o mesmo período de 2020.
Com aumento de juros e possibilidade, cada dia mais real, de um racionamento de energia elétrica, as perspectivas para a inflação e para o emprego continuam negativas e vai prejudicar o crescimento da economia no ano eleitoral de 2022. Alguns analistas do mercado financeiro já trabalham com uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) abaixo de 1% no próximo ano. Os mais pessimistas esperam melhoras somente a partir de 2023.
Com mais de 61% da população brasileira totalmente imunizada, a pandemia parecer estar sendo controlada, embora algumas unidades da federação tenham registrado altas nos últimos dias. Mas mesmo que a vacinação avance, há um passivo de quase 600 mil vidas perdidas, de famílias que perderam pai, mãe, avó, avô, filhos/filhas, parentes e amigos. Precisamos pensar desde já que caminho queremos seguir a partir de 2023. Essa reconstrução passa pela manutenção da democracia é pela confiança na ciência.