Réu teria contribuído para mais de 3.500 mortes por fuzilamento e nas câmaras de gás
O tempo está se esgotando: dentro de apenas poucos anos não será mais possível penalizar ninguém por seu papel no regime nazista, já que os réus não vivem mais, ou pelo menos não estão aptos a responder a processo.
No momento, a Justiça alemã se ocupa de 17 suspeitos, nenhum dos quais tem menos de 95 anos de idade. A partir desta quinta-feira (07), comparece diante do tribunal estadual de Neuruppin, em Brandemburgo, um centenário que foi guarda do campo de concentração de Sachsenhausen.
Tem sentido processar um centenário por atos ocorridos 80 anos atrás, alguém que foi uma peça relativamente pequena nas gigantescas engrenagens da máquina de morte do nazismo? Na opinião de Thomas Will, sim.
“Por um lado, a Conferência dos Secretários de Justiça da Alemanha decidiu em junho de 2015 que a central de Ludwigsburg será mantida em sua forma atual enquanto houver tarefas de persecução penal, ou seja, enquanto se possam encontrar os criminosos”, explica, segundo informou a Agência DW.
O Ministério Público o acusa de ter participado do homicídio de internos entre 1942 e 1945 de modo “cônscio e voluntário” – em termos jurídicos, trata-se de cumplicidade em homicídio em 3.518 casos.
O acusado teria contribuído para o fuzilamento de prisioneiros de guerra soviéticos, além de ter sido cúmplice de assassinatos em câmaras de gás. Outros presos do campo, ainda, teriam perdido a vida “através da criação e manutenção de condições hostis à existência”.
Durante a época nazista, o campo de Sachsenhausen, em Oranienburg, ao norte de Berlim, teve um papel especial: desde sua abertura, em 1936, ele servia como modelo para outras instalações do gênero. Mais tarde tornou-se central administrativa de todo o sistema de campos de concentração, além de abrigar o centro de treinamento da organização paramilitar nazista SS (“Schutzstaffel”).
Ao todo, mais de 200 mil indivíduos foram confinados no campo. Dezenas de milhares foram fuzilados, executados com gás, vítimas de terríveis experimentos médicos ou simplesmente das condições desumanas vigentes. Ainda no fim de abril de 1945, quando o Exército Vermelho já estava quase em Oranienburg, a SS obrigou mais de 30 mil internos às “marchas da morte”, a que milhares não sobreviveram.