Embaixada do Brasil em Bucareste, capital da Romênia, aguardam os brasileiros na fronteira
Texto de Felipe Pontes e Camila Maciel
O Ministério das Relações Exteriores informou que cerca de 40 brasileiros conseguiram embarcar em um trem de Kiev para Chernivtsi, perto da fronteira com a Romênia.
Funcionários da Embaixada do Brasil em Bucareste, capital da Romênia, aguardam os brasileiros na fronteira, segundo o Itamaraty. Outros brasileiros e também latino-americanos já foram recepcionados mais cedo, acrescentou o órgão.
O anúncio de que um trem estaria reservado para a retirada de brasileiros e latino-americanos de Kiev foi feito ontem (25) pela embaixada do Brasil em Kiev. Segundo dado apresentado pela representação na quinta-feira (24), havia então algo em torno de 500 brasileiros na Ucrânia.
Entre esses brasileiros há dezenas de jogadores que atuavam no futebol ucraniano. Em uma transmissão e em publicações pelo Instagram, a esposa do zagueiro Marlon Santos, Maria Paula Marinho, disse que eles foram avisados a irem do hotel até a estação de trem com antecedência de apenas 40 minutos.
Em rede social, o Itamaraty informou que o ministro das Relções Exteriores, Carlos França, “ativou ontem o GT – Brasileiros na Ucrânia, núcleo de apoio ao nacionais brasileiros na Ucrânia, encarregado de coordenar ações emergenciais e de implementação do plano de contingência para retirada segura e ordenada de nossos compatriotas”.
Na manhã deste sábado (26), a Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou ter colocado dois aviões KC-390 Millenium de prontidão para a retirada de brasileiros da região. Ainda não foram divulgados pela FAB ou o Itamaraty detalhes sobre como, onde ou quando isso ocorrerá.
O que dizem os brasileiros
A Agência Brasil conversou com dois brasileiros que estão na região do conflito de Rússia e Ucrânia. A percepção deles – um em território russo e outro na Ucrânia – é diferente.
Marianna tem nacionalidade ucraniana e morava no país há dois anos. “Atualmente estou em Cracóvia, na Polônia, por orientação da minha empresa e pelos riscos da guerra”, relatou. Ela deixou o país no dia 15. Marianna conta que os pais, ucranianos, estão no Brasil, mas o irmão, a cunhada e o sobrinho ainda estão em Kiev. “Bastante apavorados”, disse.
Segundo Marianna Petrovna, os familiares dela estão abrigados em casa, especialmente na parte de baixo, onde é mais seguro em caso de bombardeio. “Vejo vídeos de tiroteios, bombardeios e ataques o tempo todo. Muitas cidades e bairros estão sendo fortemente atacados.” Ela afirmou que há relatos de brasileiros presos na fronteira com a Polônia.
Em São Petersburgo, na Rússia, está o estudante brasileiro Túlio Bunder. “Comecei meu mestrado em política comparada da Eurásia, no meio do ano em 2020, então meus estudos estavam sendo online, do Brasil. Quando abriu a fronteira para estudantes, eu vim para cá, no começo de janeiro. Estou aqui faz um mês e quinze dias”, disse.
Túlio relata que não tem contatos com brasileiros no país, apenas com outros estudantes estrangeiros da América Latina, que são venezuelanos. “Neste momento, não há nenhum clima de tensão, no sentido de pânico, dentro da comunidade dos estudantes. Óbvio que há certa preocupação com o que pode vir a acontecer, a gente não sabe ainda”, apontou.