Bolsonaristas e petistas dominaram um tema que deveria ser fundamental para o Brasil
Texto de Gilmar Corrêa
Muita gente já afirmou que a polarização política é um risco para o Brasil. Somos mais de 214 milhões de habitantes. Esta é população é estimada para esse ano. Somos atualmente 148,7 milhões de eleitores.
Os números têm o propósito de mostrar a dimensão que não podemos ficar reféns de duas únicas ideias, que quase sempre se alimentam uma da outra para protagonizar o debate.
O Dia do Trabalhador, comemorado neste domingo (01), é um exemplo de como estamos nesse beco. Uma data tão significativa não passou de uma manifestação política partidária. Lamentável pela inércia de outras forças que poderiam aproveitar a data para alimentar um debate mais saudável e produtivo.
As comemorações – é justo que se diga – há muito tempo perderam sua essência de discutir questões como salário, economia, produção, qualidade de vida e geração de empregos.
Essa situação é mais dramática quando percebemos que há milhões de trabalhadores sem trabalho ou desalentados, com renda piorada e a precarização do trabalho. Para piorar o quadro econômico, vivemos numa inflação crescente com preços absurdos.
Nada disso, infelizmente, fez parte das discussões deste domingo.
A exploração do trabalhador continua e, mesmo em pleno século 21, ainda vemos pessoas submetidas a uma escravidão. Para quem não acredita nisso, basta observar que denúncias ocorreram nas 27 unidades da federação e em apenas quatro não houve resgates de homens e mulheres em situação de escravidão contemporânea.
Minas Gerais foi o estado com o maior número de libertados. A produção de café foi a atividade com a maior quantidade de trabalhadores envolvidos.
Ficamos muito longe de uma discussão séria sobre um tema fundamental. O Brasil real não fez parte do Dia do Trabalhador.
Com discursos radicais e simplistas, o domingo foi uma prova cabal de como iremos observar os próximos meses. A corrida eleitoral vai se nivelar por baixo. Triste, mas me atrevo prever que este será o cenário.