Falta de comida no prato e queda de renda devem influenciar voto

Restaurante comunitário Sol Nascente DF
A insegurança alimentar é um problema real que se agravou com a pandemia/Arquivo
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É a primeira vez que o Brasil supera a média simples mundial, com a insegurança alimentar

Texto de Vivaldo de Sousa

O número de brasileiros que não tiveram dinheiro para se alimentar ou para alimentar sua família subiu no ano passado, atingindo 36%. Foi um aumento de seis pontos percentuais relação aos dados registrados antes da pandemia. A estimativa é do FGV Social a partir de dados da pesquisa Gallup World Poll. Antes da pandemia, esse índice estava em 30%, bem acima dos 20% registrados dez anos antes.



Conforme a análise do professor Marcelo Neri, diretor do FGV Social, essa é a primeira vez que o Brasil supera a média simples mundial, com a insegurança alimentar subindo 4,48 pontos percentuais a mais em relação a 2019 do que no conjunto dos 112 países analisados. Assim como em outros países, em 2020 o Brasil chegou a reduzir o nível de insegurança alimentar da população em relação ao período pré-pandemia, para 28%.

Isso foi possível principalmente devido ao pagamento do auxílio emergencial, que ajudou a reduzir os efeitos da crise sanitária para as famílias mais carentes. Mas, ao contrário de países como Argentina, Chile, México e Estados Unidos, em 2021 o Brasil não conseguiu manter esse desempenho, segundo o FGV Social. Segundo Neri, é difícil precisar os motivos que levaram a esse resultado, mas os dados indicam que faltou, acima de tudo, “proteção na base da distribuição  de renda brasileira”.

O estudo aponta que a situação de insegurança alimentar é pior principalmente quando observadas entre os 20% mais pobres da população. Nesse grupo, segundo Neri, “a insegurança alimentar passou de 36% em 2014 para 53% em 2019, saltando para 75% em 2021”.  Para efeito de comparação, o índice do ano passado é comparável ao do Zimbabwe, que lidera o ranking global de insegurança alimentar.



Entre os fatores que contribuíram para o aumento da insegurança alimentar estão a inflação mais elevadas, fruto de fatores internacionais e domésticos; a retomada do auxílio emergencial com valor e cobertura menores no início de 2021. Além disso, 20 milhões de brasileiros perderam ajuda na passagem do Bolsa-Família para o Auxílio Brasil no final do ano passado. A isso podemos acrescentar a redução de salários no mercado formal, como mostram dados do IBGE.

Aumento de inflação, gás de cozinha acima de R$ 100,00, salário-mínimo sem reajuste real desde 2019 e falta de comida no prato são temas que fazem parte do dia a dia de milhares de brasileiros e também da campanha eleitoral para a presidência da República. Este ano, de acordo com o IPCA-15 de maio, os alimentos já acumularam uma alta de 8,14%. Embora o desemprego tenha dado sinais de melhora, ainda há 11,3 milhões de (eleitores) desempregados no Brasil. E o cenário para o comportamento da inflação nos próximos meses é de incerteza.


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