No conto de Hans Christian, o rei desfila sem roupas na frente de súditos constrangidos
Texto de Mayalu Félix
Todos conhecem o conto de fadas de Hans Christian Andersen, inspirado em uma história popular medieval espanhola.
Na história, dois vigaristas conseguem ludibriar o imperador de uma região, aproveitando-se de sua soberba: fingem ser tecelões e dar-lhe trajes maravilhosos, porém visíveis somente aos inteligentes.
O rei, arrogante e tolo, aceita o engodo e acredita estar divinamente vestido. Ao sair em desfile diante de toda a cidade, seus súditos, constrangidos, concordam com a pretensão, pois não querem parecer abrutalhados nem desprovidos de inteligência.
A farsa prossegue até que uma criança, surpresa , diz que o imperador não está vestindo nada. Os habitantes, então, percebem que foram enganados. O imperador, por sua vez, continua o desfile, orgulhosamente.
A narrativa se aplica com perfeição a um certo candidato à Presidência, condenado em três instâncias diferentes por corrupção e outros crimes contra o Brasil, mas tornado apto a se candidatar ao cargo máximo do país por tecelões que fazem ativismo judiciário, emporcalhando a Constituição Federal.
Esses vigaristas cuidam também que ninguém se manifeste contra o embuste, calando vozes dissonantes, mandando prender e silenciar opositores, perseguindo desafetos e quem quer que ouse invocar o princípio do contraditório.
Por mais que façam, adulterando pesquisas de intenção de voto e manipulando o passado para controlar o futuro, há sempre alguém para gritar que o rei está nu.
Esse reizinho não sai às ruas, não reúne quase ninguém em eventos públicos, é mal recebido pelo povo das cidades que visita e é constantemente desmentido por vídeos, reportagens, processos e a própria História recente. Ainda que acredite estar magnificamente vestido, o reizinho está nu e caminha rumo ao esquecimento.”