Anatomia de uma tragédia

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Bombeiros trabalham em meio a lama no litoral Norte de São Paulo/Divulgação/PMSP
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A ordem geral sempre foi remediar depois do evento ocorrido. Na ponta do lápis sai muito mais caro esse tipo de ação

Por André César – SP

Ano após ano a história se repete. Durante os meses de verão, as fortes chuvas castigam os brasileiros. Em 2022 a tragédia se deu em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Agora, foi a vez do litoral norte paulista. São Sebastião quase sumiu do mapa. Crônica de uma morte anunciada.

Há muitos responsáveis pelo quadro. O poder público certamente é um deles. Os governos federal, estaduais e municipais pouco fazem em termos de prevenção, e também faltam investimentos em infraestrutura.



A ordem geral sempre foi remediar depois do evento ocorrido. Na ponta do lápis sai muito mais caro esse tipo de ação.

Aqui cabe uma observação. Em 2022, pelo menos 457 pessoas morreram em desastres causados pelas chuvas no país, segundo a Confederação Nacional de Municípios. Alheio à mortandade, o que então presidente Jair Bolsonaro (PL) passou na lâmina 94% do orçamento federal para projetos de contenção de encostas em 2023.



Caiu de irrisórios R$ 53,9 milhões para insignificantes R$ 2,7 milhões. O novo titular do Planalto, Lula da Silva (PT), usou parte da PEC da Transição para vitaminar a rubrica. Subiu para R$ 156,7 milhões, uma cifra ainda insatisfatória para atender os quase dez milhões de brasileiros que moram em áreas sujeitas a deslizamentos e alagamentos, segundo o IBGE. Desigualdade escancarada.

É claro que as mudanças climáticas também têm forte peso nessa realidade. Afinal, o volume das chuvas no litoral paulista foi absolutamente fora dos padrões – anormal mesmo. A natureza começa a cobrar a conta em cima da humanidade. Eventos similares serão cada vez mais frequentes. Temos de fato um “novo normal”.



No plano puramente político, foi importante a reação do presidente da República, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB).

Adversários no campo eleitoral, uniram forças em prol do bem coletivo. Em tempos de forte polarização, esse comportamento é mais que bem vindo. Resta saber até quando durará esse ato civilizatório.

Podemos afirmar que o ano corrente já tem três Marcos. A cerimônia de posse do novo presidente, o 8 de janeiro (o “Capitolio tupiniquim”) e a tormenta do Carnaval. Algo precisa ser feito com urgência. O Brasil e seu povo merecem mais.




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