Anderson Torres, minuta do golpe e o boletim de inteligência

Ministro da Justiça e da Segurança Anderson Torres Misto Brasília
Anderson Torres foi ministrou e secretário da Segurança Pública do DF/Arquivo
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O ex-ministro e ex-secretário é suspeito de tentar interferir no processo eleitoral do ano passado

Por Misto Brasília – DF

Apesar de já ter se passado quase três meses após as invasões em Brasília, as investigações continuam, e para o então Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, as apurações o “encrencam” ainda mais.

Em relação ao documento, encontrado em sua casa pela Polícia Federal, que dava aval jurídico para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contestasse a eleição – texto que ficou conhecido como “minuta do golpe” –, Torres disse à PF que quem havia lhe dado o papel foi sua secretária.



Segundo a coluna de Lauro Jardim em O Globo, em seu depoimento à PF, a secretaria foi taxativa: “Nunca entreguei nada”.

Ao mesmo tempo, outro foco de complicações para o ex-ministro é o seu envolvimento mais direto com o processo eleitoral do que se imaginava.

De acordo com a mídia, uma das mais recentes descobertas da Polícia Federal é um “boletim de inteligência” produzido pela então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar. A ex-diretora é delegada e, posteriormente, foi trabalhar com Torres na Secretaria de Segurança do DF.



O documento foi produzido em outubro e detalhava os locais em que o presidente Lula da Silva havia sido mais votado no primeiro turno.

Para os investigadores, o material serviu para que o ex-ministro colocasse em prática a tentativa de atrapalhar a chegada dos eleitores aos locais de votação nestas regiões, com a célebre operação feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia 30 de outubro.

A investigação em torno do assunto ganhou impulso quando se percebeu que a delegada tentou apagar o “boletim de inteligência” do seu celular, mas a PF recuperou parte do material.



Há também uma viagem fora de agenda de Torres à Bahia, em um avião da FAB, dias antes do segundo turno.

Acompanhado do então diretor da PF Marcio Nunes, o ex-ministro foi pressionar o então superintendente regional, Leandro Almada, a atuar na operação no dia da eleição, dando apoio à PRF, diz a mídia.



Anderson Torres está preso desde o dia 14 de janeiro, quando voltou dos Estados Unidos para o Brasil sob pedido da Justiça após as invasões em Brasília no dia 8 de janeiro.

Segundo o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, Torres foi “no mínimo omisso” diante dos atos, visto que entrou de férias um dia antes de tudo acontecer, registrou a Sputnik.


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