Na avaliação do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, o pacote fiscal não deve ser suficiente
Por Misto Brasil – DF
Com as atenções concentradas há dias em Brasília, o mercado acompanha as negociações para o anúncio do corte de gastos públicos — na tentativa do governo para cumprir a meta do arcabouço fiscal.
Mas, na avaliação do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, opacote fiscal não deve ser suficiente para controlar o problema maior: a dívida pública crescente, anotou o MoneyTimes.
“O pacote é necessário. Tem que ser feito, independente do adiamento. Acredito que não seja suficiente, vai continuar a discussão à frente sobre a necessidade de fazer cortes porque o crescimento da dívida é insustentável”, afirmou Henrique Meirelles durante evento realizado pelo banco UBS em São Paulo.
Ele lembra que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um aumento da dívida pública bruta — que não considera o que o governo tem a receber—, de 84,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 para 87,6% do PIB neste ano.
O indicador subirá para 92% do PIB em 2025 e para 97,6% do PIB em 2029.
“Alguns cálculos mostram que a dívida pública pode superar 90% do PIB no próximo mandato, em 2028. O fato é que os mercados se antecipam. E hoje já tem uma diminuição do apetite por investimento no Brasil pelo cuidado com essa questão [fiscal]”, disse Meirelles.
Segundo ele, a crescente dívida pública é a “maior ameaça à frente”.