O dia 29 de dezembro será um dia chave. Dado o fracasso das negociações, Milei iniciou o ataque final na semana passada
Por Misto Brasil – DF
O presidente Javier Milei acrescenta força aos escombros de uma Argentina em ruínas. Desde que assumiu o cargo, há pouco mais de 12 meses, controla os serviços de inteligência.
Renovou com surpreendente interesse o órgão de arrecadação de impostos, onde fica guardada a roupa suja dos argentinos.
Protegeu as Forças Armadas do “não dinheiro” que se aplica ao resto do Estado, escreveu Frederico Rivas Molina, do El País.
Ao colocar sob seu comando as áreas que controlam a informação, subjugou uma oposição dizimada. Confrontou impiedosamente governadores, sindicalistas, empresários, senadores e deputados que colocou ao lado “da casta”.
Agora, ele prepara um avanço decisivo no Judiciário, registra a reportagem.
O dia 29 de dezembro será um dia chave. Juan Carlos Maqueda completará 75 anos e se aposentará como juiz do Supremo Tribunal Federal.
O tribunal superior ficará com apenas três dos cinco juízes que o compõem, porque o cargo que a juíza Elena Highton de Nolasco deixou em setembro de 2021 nunca foi ocupado.
Milei vem tentando, desde que assumiu o cargo, sem sucesso, fazer com que o Senado vote em seus dois candidatos, conforme estabelece a Constituição.
Esta semana, da Casa Rosada alertaram que o ultrapresidente está disposto a nomeá-los por decreto, ameaça à qual o Tribunal decidiu resistir.
Os candidatos da disputa são Ariel Lijo e Manuel García Mansilla. O primeiro é um juiz federal em atividade que acumulou uma montanha de dúvidas sobre sua idoneidade.
A presentou mais de 30 reclamações por mau desempenho perante o Conselho Judicial, órgão que controla os juízes.
Para neutralizar esses pergaminhos negativos, Lijo oferece a Milei decisões que, espera-se, atendam às necessidades da Casa Rosada.
Ele é patrocinado pelo supremo Ricardo Lorenzetti, enfrentando hoje Horacio Rosatti e Carlos Rosenkrantz, os outros dois juízes da Corte que permanecerão na ativa após a aposentadoria de Maqueda.
O segundo candidato é um renomado acadêmico com ideias ultraconservadoras, alinhado à “guerra cultural” que Milei trava contra tudo que soa como progressismo.
A maioria peronista no Senado não quer ter nada a ver com García Mansilla, mas sim colocar um preço na candidatura de Lijo.
Hoje estão vagos em todo o país centenas de cargos judiciais que o governo ofereceu como moeda de troca, mas as contas nunca foram completamente encerradas.
Dado o fracasso das negociações, Milei iniciou o ataque final na semana passada.