Datafolha: a baixa histórica de Lula

Lula da Silva presidente dedos Misto Brasil
Lula da Silva afirmou que não há crise entre o Planalto e o Legislativo/Arquivo/Divulgação/PR
Compartilhe:

Consequências imediatas dos números: a reforma ministerial deverá ser antecipada; o “valor” dos ministérios cairá

Por André César – DF

Parafraseando o próprio presidente Lula da Silva (PT), “nunca antes na história desse país” o titular do Planalto teve uma avaliação tão baixa junto à opinião pública. A recém-divulgada pesquisa do Datafolha acendeu em definitivo um sinal amarelo no governo e, no limite, pode ser um divisor de águas na atual gestão.

Aos números. De acordo com o levantamento, a avaliação positiva simplesmente desabou em dois meses, passando de 35% para 24%. Por outro lado, o índice de reprovação subiu de 34% para 41%. Dois recordes simultâneos (e negativos) na mesma pesquisa.

A título de comparação, olhando-se os momentos de pior avaliação dos presidentes pós-redemocratização, Lula aparece à frente apenas de José Sarney (9% de aprovação), Fernando Collor (15%) e Michel Temer (3%).

Não muito tempo atrás, esse quadro seria impensável.

Mesmo no auge da crise do Mensalão, no final de 2005, o titular do Planalto teve desempenho melhor – e, lembremos, naquele momento chegou-se a cogitar seu impeachment, ideia que saiu de cena devido à atuação de lideranças da oposição, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Mas quais os motivos da queda abrupta? Podemos afirmar que os números resultam de um somatório de eventos negativos, que passam, por exemplo, pela confusão com o Pix, a taxa básica de juros (Selic) em trajetória de alta, a chamada “inflação dos alimentos” e a falta de unidade (e consequente fragilidade) da pouco confiável base aliada.

Pior, ao atual mandato de Lula da silva falta uma marca, nos moldes, por exemplo, do Bolsa Família. Nessa primeira metade de governo nada de peso foi apresentado pelo Planalto. Para o eleitor médio fica a sensação de “mais do mesmo”, de uma gestão anódina que leva o dia-a-dia com a barriga. É preciso mais.

Como reverter essa situação? Não basta simplesmente melhorar a comunicação, como defendem alguns aliados, mas ir além. Uma mudança profunda no primeiro escalão, uma boa interlocução com o Congresso Nacional e uma agenda factível seriam os passos iniciais.

Para concluir, três consequências imediatas dos números do Datafolha: a reforma ministerial deverá ser antecipada; o “valor” dos ministérios cairá; o “valor” do Parlamento subirá.

Nuvens carregadas já aparecem em cima do Planalto.

Informativo Misto Brasil

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo gratuito no seu e-mail, todas as semanas

Assuntos Relacionados

Oportunidades

DF e Entorno





Informativo Misto Brasil

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo gratuito no seu e-mail, todas as semanas