Trata-se de mais uma dor de cabeça para o petista, justamente em um momento de baixa histórica em sua popularidade
Por André César – DF
Emperrada por ora, a anunciada reforma ministerial do governo Lula da Silva (PT) tem um novo desdobramento. Incomodado com a demora do Planalto para definir a questão e desejando ocupar mais espaço na administração, o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil/AP), decidiu adiar as sabatinas de indicados para agências reguladoras.
Trata-se de mais uma dor de cabeça para o petista, justamente em um momento de baixa histórica em sua popularidade. Na verdade, o movimento do comandante do Senado não é isolado. Ele conta com o apoio do Centrão, que está de olho em vagas que supostamente surgirão com a reforma.
Nada menos que nove agências aguardam a aprovação pelos senadores e algumas delas já enfrentam problemas para manter o funcionamento regular. O próprio presidente da República sente na pele a situação.
Indicado para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o ex-deputado federal Wadih Damous, bastante próximo de Lula da Silva, foi comunicado pessoalmente do adiamento de sua sabatina. Uma pequena saia justa entrou em campo.
Para piorar ainda mais o imbróglio, o petista convidou para assumir um ministério o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que não aceitou a proposta. O fato é mais um indicativo das dificuldades que o titular da Planalto está enfrentando para mudar a configuração da Esplanada.
Com isso, o custo politico da reforma só aumenta e o desgaste de Lula da Silva junto aos aliados é palpável. Por conta disso, o presidente da República convidou Alcolumbre e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para acompanhá-lo na viagem ao Japão, que ocorrerá nos próximos dias. Uma longa conversa é esperada entre as partes.
Aqui se observa um fato interessante. O gigantismo da base de sustentação do governo tem atrapalhado a chamada governabilidade. Uma coisa foi a atuação da frente ampla que levou Lula da Silva a vencer o então presidente Jair Bolsonaro (PL), outra é o funcionamento da máquina no dia a dia.
Por divergências internas, as demandas dos partidos que formalmente integram o governo muitas vezes não são atendidas.
Enfim, o titular do Planalto segue na sua luta inglória para acomodar novos integrantes no governo. No limite, o saldo desse processo pode ser negativo para o presidente – uma reforma ministerial sempre gera novos desafetos, insatisfeitos com as mudanças.