Cerca de 65% das amêndoas de cacau do mundo vêm de quatro países da África Ocidental. O Brasil é o sexto maior produtor
Por Misto Brasil – DF
O aumento do preço do cacau a níveis recordes atinge produtores, fabricantes e consumidores de chocolate a nível global. O valor da amêndoa no mercado mundial disparou no final de 2024, ano em que atingiu o maior custo da última década.
A escalada tornou a commodity mais cara do que o cobre, e os preços se mantiveram altos em 2025.
Porém, enquanto grandes fabricantes de chocolate devem conseguir manter seus lucros, a baixa oferta pressiona principalmente os agricultores.
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A quebra da safra de produtores africanos é tomada como o principal motivo dos custos elevados.
Cerca de 65% das amêndoas de cacau do mundo vêm de quatro países da África Ocidental: Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões. Mas uma colheita catastrófica atingiu a região em 2024, derrubando a oferta disponível do produto no mercado.
No centro do problema está a dispersão de um vírus que causa a doença do broto inchado do cacau (CSSV, da sigla em inglês). O agente infeccioso se espalha de árvore em árvore e pode reduzir a produtividade em 50% em apenas dois anos.
Um relatório da Organização Internacional do Cacau mostrou que 81% das plantações em Gana – o segundo maior produtor de cacau do mundo – estão infectadas com o CSSV. A doença também se espalha na Costa do Marfim e já afetou cerca de 60% da produção mundial.
Além disso, a ONG americana Climate Central também atribui o problema às mudanças climáticas, que tornam as temperaturas mais elevadas em lugares como Costa do Marfim, Gana, Camarões e Nigéria.
No Brasil, sexto produtor mundial de cacau, dados da Agência Brasil indicam que a perspectiva é de aumento da safra, depois de uma série de quedas. Investimentos em novas áreas de produção e no processamento do cacau impulsionam a colheita.
A produção no país, porém, também é afetada pelos altos custos e volatilidade do mercado, o que leva a um aumento dos preços dos produtos derivados, principalmente com a chegada da Páscoa.
Ainda segundo a Agência Brasil, os preços dos ovos de chocolate e derivados nesta Páscoa estão 14% mais caros em comparação com o ano passado, conforme divulgação da Associação Brasileira de Supermercados. Mesmo com o crescimento da safra, a expectativa é que o setor produza 20% menos ovos de chocolate neste ano.