À medida que a guerra entra em seu terceiro ano nesta terça-feira, o país corre cada vez mais o risco de ser dividido
Por Misto Brasil – DF
O Sudão, terceiro maior país da África, vem enfrentando há dois anos uma espiral negativa desde que um conflito entre os generais das Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido escalou para uma guerra.
De acordo com as Nações Unidas, o país do nordeste africano – rico em ouro, petróleo e terras férteis – mergulhou em uma das maiores crises humanitárias e de deslocamento forçado do mundo. Da população de 51 milhões, 64% agora dependem de assistência humanitária, e cerca de 12 milhões foram deslocadas.
Mulheres e meninas sudanesas foram particularmente afetadas pela crise, pois não apenas constituem a maioria dos deslocados, mas também sofrem com agressões sexuais generalizadas e estupros coletivos.
Estimar o número de mortos é difícil devido aos combates em andamento, mas dados mais recentes de organizações humanitárias internacionais saltaram de cerca de 40 mil para 150 mil mortos.
À medida que a guerra entra em seu terceiro ano nesta terça-feira (15), o país corre cada vez mais o risco de ser dividido entre duas administrações rivais.
Para Hager Ali, pesquisadora do think tank alemão Instituto para Estudos Globais e Regionais (Giga), isso limitaria ainda mais a esperança de um fim à violência.
“Temos que olhar para um horizonte temporal de 20 anos ou mais. O Sudão não precisa apenas de um acordo de paz, pois os cismas entre o centro do país e a periferia, etnias, religiões e tribos se aprofundaram”, disse ela à DW.
“Problemas com o federalismo e o sistema político também vêm se formando há décadas e continuarão a sabotar a paz, se não forem resolvidos.”