Nada de novo no front da batalha entre Ucrânia e Rússia

Ucrânia guerra atirador brasileiros Misto Brasil
Brasileiros na guerra pela Ucrânia têm usado as redes sociais para postar fotos/Reprodução/Instagram/srgrossetete
Compartilhe:

Soldados ucranianos não acreditam num cessar-fogo e a luta continua pesada entre os dois exércitos

Por Misto Brasil – DF

Assim que escurece, vão chegando os primeiros soldados feridos, com rostos e mãos negros de terra. Eles vêm de um trecho do front em Pokrovsk, no leste da Ucrânia, considerado um dos mais difíceis desde o começo de 2024.

Agora eles procuram assistência num das dezenas de “postos de estabilização” que atendem os soldados ao longo da fronteira.

Também aqui a grande política é tematizada. Para o médico militar Ivan, as negociações de cessar-fogo na guerra da Rússia contra a Ucrânia, iniciadas em 11 de março na Arábia Saudita, “não tiveram nenhum efeito” sobre o conflito.

Leia: Sudão mergulhou em uma das maiores crises humanitárias

Leia: o mundo e suas guerras esquecidas

“Eu não teria nada contra se a coisa toda acabasse rápido”, comenta. “Pelo menos por um dia, já seria bom.”

Um soldado ferido está deitado na mesa de operações. Ele ia com quatro camaradas num tanque blindado quando uma mina explodiu.

O grupo só pôde ser retirado duas horas depois, ele sofreu lesões graves e fraturas em ambas as pernas, os demais escaparam com concussões cerebrais, escreve Hanna Sokolova-Stekh, da Agência DW.

Enquanto Ivan aplica curativos nos ferimentos e põe talas nos membros, paramédicos encorajam o soldado semi-inconsciente e limpam a sujeira do seu rosto.

“Nós salvamos a perna dele”, comenta um deles, aliviado. Após a noite puxada, pela manhã o posto de estabilização está calmo, os médicos cochilam nas camilhas. É pouco provável que ainda cheguem mais feridos.

Enquanto isso, recrutas de uma brigada de infantaria se reúnem no pátio de uma casa particular. Ao nascer do dia, eles devem tomar suas posições, para render os camaradas. Enquanto esperam a ordem para partir, porém, chega a mensagem que por enquanto podem ficar.

Os homens voltam a seus quartos para ainda dormir mais um pouco. É comum o processo de rendição não funcionar na infantaria, comenta o comandante Roman, que certa vez teve que esperar 21 dias em seu posto.

“É difícil sair daqui, é a linha de frente mais avançada. Além disso há falta de pessoal.”

Ele só ficou sabendo das conversas de cessar-fogo após ter sido mobilizado. “Quando você está lá, espera o tempo todo para que alguém diga no rádio: ‘Rapazes, cessar-fogo!'”

Contudo a impressão dele é que no front a luta ficou ainda mais acirrada durante as negociações.

Os recrutas da sua brigada são responsáveis pela defesa na altura de Prokrovsk, situada a apenas 70 km de Donetsk, ocupada pelos russos.

“Nós não nos deslocamos, mas isso já é bastante difícil.” Quanto à possibilidade de um cessar-fogo, “não consigo nem imaginar”.

Tampouco um outro comandante, apelidado “Milka” espera qualquer resultado das negociações: “Só vou acreditar em uma coisa: quando os meus garotos voltarem de seus postos e disserem ‘Eles não atiraram, estava tranquilo.'”

Informativo Misto Brasil

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo gratuito no seu e-mail, todas as semanas

Assuntos Relacionados

DF e Entorno

Oportunidades





Informativo Misto Brasil

Inscreva-se para receber conteúdo exclusivo gratuito no seu e-mail, todas as semanas