Os países escandinavos são referência como estados de bem-estar social e investem forte na primeira infância
Por Vinícius de Andrade – RJ
No novo Plano Nacional da Educação (PNE) há sim metas e objetivos relevantes, mas ele é, sem exagero, ousado. Por si só, essa ousadia traria preocupações, mas o fato de existir um plano anterior, mais moderado, com metas não cumpridas não ajuda em nada nossas expectativas.
Nesta coluna irei discorrer sobre os 18 objetivos do plano.
Ampliar a oferta de matrículas em creches, universalizar a pré-escola e garantir a qualidade da educação infantil são objetivos bem nobres.
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Os países escandinavos são referência como estados de bem-estar social e investem forte na primeira infância. Espero que os criadores do PNE entendam que isso não requer apenas investimento financeiro, mas sim uma verdadeira e complexa infraestrutura que articula muitos agentes, inclusive dos próprios empregadores, considerando o fato de que muitas mães estão presentes no mercado de trabalho.
Outro objetivo é assegurar a alfabetização ao final do 2° ano do ensino fundamental e ampliar a conclusão da educação básica para todos os jovens, adultos e idosos. A ideia é que todos terminem a escola na idade regular.
“Garantir a aprendizagem dos estudantes no ensino fundamental e médio.” Quem não gostaria que esse objetivo fosse cumprido? Queria muito entender detalhadamente qual é o plano.
Outros dois são: aumentar a oferta do ensino integral e garantir a qualidade e equidade nas condições da educação básica.
No campo da inclusão, há preocupação para com os estudantes indígenas, quilombolas, do campo, de educação especial e surdos. A ideia é garantir acesso, qualidade e a permanência.
Quando se trata da educação profissional e tecnológica, a ideia é garantir acesso e permanência.
O mesmo com o ensino superior. O plano ainda sinaliza a inclusão e a redução das desigualdades.
Trabalho há 10 anos com uma ação social que auxilia jovens da rede pública com acesso ao ensino superior e vejo na prática que o trabalho aqui não se resume à criação de políticas, mas também inclui criar estratégias para que os beneficiários usufruam dos próprios direitos.
Há preocupação com a qualidade dos cursos de graduação. A ideia é que a formação, seja via graduação, técnico ou profissional, esteja coesa com as demandas da sociedade.
Olhar para o docente
Os professores não foram excluídos do documento. Ainda bem. De um lado, há um objetivo de ampliar a formação de mestres e doutores, de forma equitativa e inclusiva, para a solução dos problemas da sociedade.
Haverá aumento da bolsa? Muitos programas não permitem que os pós-graduandos trabalhem e o valor da bolsa, dependendo da fase da vida ou da cidade, pode ser pouco atrativo. E, quando se formarem, o mercado irá absorver? Quais políticas serão criadas para isso?
Para os da educação básica, o documento sinaliza a garantia da formação e das condições de trabalho.
Há dois objetivos que achei excessivamente ousados. O primeiro é: “assegurar a participação social no planejamento e gestão educacional”. A ideia é linda, mas como será feito?
Mas, disparado, o mais ousado para mim foi: “Promover a educação digital para o uso crítico, reflexivo e ético das tecnologias da informação e da comunicação”. De novo: soa lindo. É perfeito. É necessário e quem não gostaria? Mas como?
(Vinícius De Andrade escreveu para a DW)