É como se criminosos estivessem vendendo as chaves para entrar pela porta da frente de uma empresa. Pesquisa identificou 105 anúncios
Por Misto Brasil – DF
No mercado negro nacional da dark web há pelo menos 105 anúncios que oferecem serviços de acessos a redes de empresas brasileiras.
Esses anúncios normalmente oferecem pacotes de acesso com pontos de entrada para múltiplos sistemas, servidores e dispositivos como sites, VPN corporativas ou protocolos de rede (SSH) expostos.
A dark web, ou “web escura”, é uma parte da internet que não é indexada pelos motores de busca comuns e é acessada por meio de navegadores especializados, como o Tor browser, que oferecem anonimato.
O estudo foi realizado pela global de cibersegurança e privacidade digital Karpersky durante o ano passado e que foi divulgado nesta quarta-feira (11).
No período analisado, os setores que tiveram mais vendas de acessos inicial publicadas na dark web são o governamental e o da saúde, com 14 ofertas cada, seguido de construção (09), agricultura (07) e serviços profissionais (06). E 22% dos anúncios não tiveram seu setor especificado.
A ocultação dessa informação é uma medida de proteção dos cibercriminosos para evitar alertar as vítimas ou prejudicar investidas futuras – limitando o que é publicado às informações gerais, como país de origem, setor de atuação, receita estimada, quantidade de funcionários, estrutura da rede ou software antivírus em uso.
Os cibercriminosos, sejam indivíduos autônomos ou gangues profissionalizadas – como de ransomware ou APT –, precisam regularmente desses acessos iniciais para iniciar seus ciberataques.
“É como se criminosos estivessem vendendo as chaves para entrar pela porta da frente de uma empresa. Um exemplo: algumas delas abrem até as câmeras de segurança”, explica o analista do Digital Footprint Inteligence no Brasil, João Brandão.
“Há criminosos que não querem realizar diretamente esses ataques. Entre os motivos, pode estar a falta de motivação, capacidade técnica insuficiente ou medo das consequências legais – e, por isso, decidem ficar nos bastidores, preferindo repassar o acesso”.