Política provinciana em Alagoas interfere no Congresso e no Planalto

Arthur Lira e Hugo Mota Câmara dos Deputados Misto Brasil
Arthur Lira cumprimenta Hugo Motta quando ele foi eleito presidente da Câmara/Arquivo/Agência Câmara
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As articulações políticas em Alagoas mexem com Hugo Motta, com Lula da Silva e com as votações no Congresso Nacional

Por Gilmar Corrêa – DF

As articulações políticas em Alagoas seriam os principais motivos para o entrevero entre o Palácio do Planalto e parte do Congresso Nacional. É preciso explicar um pouco o que está ocorrendo no bastidor da política partidária que anda acelerado para as eleições de 2026.

A questão paroquial tem nome e endereço, mas atrapalha o país e as votações na Câmara e também no Senado Federal. A liberação de emendas parlamentares não é o problema principal desse inbroglio. Veja os números logo abaixo.

Parte desse problema com o decreto do IOF e que acabou sendo judicializado, é alimentado pelo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicano-PB).

Fiel aos compromissos com o ex-presidente Arthur Lira (PP-AL) na eleição para a presidência da Casa, o paraibano fez um cavalo de pau há três semanas.

De aliado ao presidente Lula da Silva (PT) para agilizar as votações na Câmara, Hugo Motta surpreendeu com a urgência do PDL do IOF. Tudo estava combinado com o presidente, mas um terceiro personagem entrou na órbita.

Arthur Lira pensa no seu futuro e está muito raivoso com Lula da Silva.

O presidente botou areia nos projetos de Lira, que sonha em se candidatar ao Senado nas próximas eleições.

Em Alagoas, o mando político passa pela família do senador Renan Calheiros (MDB). Ele é candidato à reeleição e o seu filho, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), é cotado para voltar ao governo estadual.

A segunda vaga para o Senado está sendo articulada para o prefeito João Henrique Caldas, o JHC. O prefeito, que tem uma ótima avaliação (foi reeleito com 83,25% dos votos válidos) em Maceió, poderá trocar o PL pelo PSB sob os auspícios do Palácio do Planalto.

Como fez nas eleições passadas, JHC pula de partido. No passado saiu para do PSB e entrou no ninho do PL. Agora, deve fazer o caminho inverso. Mas o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, também fez convites para o prefeito alagoano.

Pelo sim ou pelo não, com essa manobra alimentada por Lula da Silva, o caminho para o Senado para Arthur Lira estaria tecnicamente fechado. É por ai que nasce a crise com impactos aos interesses nacionais.

Motta também atrapalha na Paraíba

Numa recente análise, o jornalista Suetone Souto Maior, afirmou que Hugo Motta chegou a uma encruzilhada política de forma muito precoce em seu mandato com a briga comprada com o governo petista.

Se der mais um passo, seguirá o mesmo caminho do seu mentor político, o ex-deputado federal Eduardo Cunha, que foi do MDB. Se recuar, perderá a aderência do bolsonarismo e da Faria Lima, coração do mercado financeiro brasileiro.

Suetone também observa que, na Paraíba, o posicionamento traz constrangimentos para a base de apoio do governador João Azevêdo (PSB).

O João Azevêdo quer disputar a eleição para o Senado no ano próximo ano com o apoio do presidente Lula da Silva. Esse projeto pode dar muito errado se o padrinho político for atropelado por causa da agenda de confrontos puxada por Motta.

Pode sacrificar também o projeto eleitoral de Nabor Wanderley (Republicanos), que precisará, para ser eleito senador, dos votos de municípios onde o lulismo tem muita força, no interior do Estado.

E para completar, tem ainda a rebelião do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos), que adotou Lula da Silva como bandeira eleitoral e constrange Hugo Motta neste processo.

Motta também flerta com uma possível candidatura de Tarcísio de Freitas à Presidência da República. Bolsonarismo na veia com o batismo do Centrão.Para colocar mais tempero nesse mexido, Renan Filho foi citado para ser o vice na chapa da reeleição do petista. É um movimento que cresce dentro MDB.

Como nas eleições de Dilma Roussef  com Michel Temer, os emedebistas ficariam no banco de reserva, mas é preciso também combinar com o PSB do atual vice, Geraldo Alckmin.

E daí entra uma terceira equação. Alckmin poderá se candidatar ao Senado em São Paulo. O candidato ao governo paulista do partido deve ser o atual ministro do Empreendedorismo, Márcio França.

Números das emendas parlamentares

O Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), informou ontem (01) que o governo empenhou mais de R$ 3,13 bilhões para o pagamento de emendas – dos quais 54% foram destinados a partidos do Centrão.

A maior parte dos valores reservados pelo governo é de emendas individuais — impositivas e indicadas por um único parlamentar.

O g1 publicou na madrugada de hoje (02) que os parlamentares registraram 8.861 emendas. Desse total, 1.510 foram empenhadas, 560 liquidadas e 492 pagas.

Desse total pago, apenas três eram emendas de bancadas, totalizando R$ 2,2 milhões. O restante, R$ 938 milhões, foi pago em emendas individuais.

O PL, que tem a maior bancada no Congresso, foi responsável por 17,7% de todas as emendas indicadas liberadas, totalizando R$ 418 milhões esta semana e R$ 520 milhões ao todo.

O MDB (11,8%), PSD (11,7%) e PT (11,5%) entre os partidos mais beneficiados com liberação de emenda.

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