Cícero Marcelino abriu empresas para servir à Conafer

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Cícero Marcelino dureante depoimento na CPMI do INSS quer acontece no Congresso/Lula Marques/ Agência Brasil
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Ele disse que era vendedor e segundo o relator da CPMI do INSS, Marcelino e a esposa receberam R$ 300 milhões da Conafer

Por Misto Brasil – DF

A CPMI do INSS ouviu nesta quinta-feira (16) Cícero Marcelino de Souza Santos, ligado à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).

Ele admitiu que abriu empresas para prestar serviços à Conafer, conforme a demanda do presidente da entidade, Carlos Roberto Ferreira Lopes.

De acordo com a Polícia Federal (PF), a Conafer é uma das associações que teriam envolvimento na fraude contra aposentados e pensionistas. Há suspeitas de que Cícero Marcelino recebia valores das mensalidades ilegais da Conafer, sob pretexto de ser prestador de serviços para a entidade.

Assessor de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer, o depoente foi alvo da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal.

Cícero Marcelino assumiu o compromisso de dizer a verdade e afirmou estar à disposição da CPMI.

Ele disse que nunca teve vínculo empregatício com a Conafer, tendo apenas prestado serviços à entidade. Em resposta ao relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Marcelino disse trabalhar com vendas desde os 10 anos de idade. Ele informou que, em 2015, trabalhou como vendedor em loja de roupas, ganhando cerca de R$ 7 mil.

Cícero Marcelino informou que era vendedor, mas abriu várias empresas, de papelaria e promotora de eventos a locadora de veículos. To Hire Locadora, Santos Consultoria, Terra Bank (TB) Holding e Nobre Serviços de Eventos foram algumas dessas empresas.

Ele disse que abriu as empresas para prestar serviço para Conafer e reconheceu que a maioria das suas empresas foi criada para atender às demandas de Carlos Lopes.

Segundo o relator, a CPMI tem documentos que provam que Marcelino e esposa receberam cerca de R$ 300 milhões da Conafer por meio das suas empresas.

“O senhor saiu de uma atividade mais simples para atuar em um conglomerado de empresas que movimentou R$ 300 milhões. Eu vejo o senhor apenas como um duto de passagem da lavagem de dinheiro. O senhor está matando no peito uma bola que era para ir para outro gol. Esse valor foi pra onde? A gente sabe que com o senhor não ficou!”.

Segundo ele, havia uma planilha, ele recebia os valores da Conafer, fazia os pagamentos e ficava com uma pequena parte. Também admitiu que já prestou serviços bancários para a esposa de Carlos Lopes e disse conseguir comprovar o que estava falando à comissão.

Alfredo Gaspar informou que a IBC Prudente Apoio Administrativo, uma das empresas de Marcelino, recebeu R$ 16 milhões da Conafer.

A IBC, então, pagou despesas da Lagoa Alta, empresa fazendária que pertenceria à esposa de Carlos Lopes. O depoente admitiu que trabalhou com uma planilha de pagamentos, prestando serviços tanto à Conafer quanto à Lagoa Alta.

O relator quis saber se uma cooperativa que teve Marcelino como sócio recebeu cerca de R$ 50 milhões da Conafer.

O depoente disse não saber da informação e prometeu dar uma resposta posterior à CPMI por meio do seu advogado. Segundo Alfredo Gaspar, a Nobre Serviços teria recebido R$ 96 milhões da Conafer. Mais uma vez, Marcelino disse não ter certeza sobre os valores e preferia não confirmar o volume, por temer dar uma informação inverídica.

O relator disse que há muitos registros de valores que foram para as empresas de Marcelino e voltaram para outras contas como, por exemplo, as contas do presidente da Conafer. Segundo Alfredo Gaspar, Carlos Lopes é presidente de uma entidade criminosa.

Cícero Marcelino admitiu que recebeu cerca de R$ 1 milhão de Carlos Lopes para fazer pagamentos. No entanto, ele não soube informar a razão de sua esposa ter passado quase o mesmo valor de volta para Lopes. Marcelino admitiu que já enviou valores menores, como cerca de R$ 20 mil ou R$ 30 mil, para o presidente da Conafer.

“Eu não recebi R$ 300 milhões pra mim. Tudo vinha planilha de pagamento para fazer. Esse dinheiro no meu bolso nunca existiu”.

O depoente negou conhecer Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, ou Maurício Camisotti, mas admitiu conhecer o empresário Danilo Trento. Os três são investigados pela Polícia Federal, por suspeitas de irregularidades no INSS.

Cícero Marcelino informou que já esteve no escritório do ex-presidente do INSS José Carlos de Oliveira, embora não o tenha encontrado pessoalmente. Ele também negou já ter levado alguma propina para qualquer ministro, servidor ou parlamentar e disse que o cargo de “assessor” da Conafer, foi apenas um “título” que lhe colocaram.

Marcelino informou que conheceu o presidente da Conafer, Carlos Lopes, na cidade de Presidente Prudentes (SP), em 2017. E admitiu que teve uma relação de amizade com ele, mas negou que tenha recebido dinheiro direcionado ao presidente da Conafer ou que tenha enviado dinheiro ao exteior. Ele, no entanto, admitiu que pode já ter feito operações no celular de Carlos Lopes.

O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), prometeu seguir trabalhando e reforçou seu compromisso com a busca pelos nomes responsáveis pela fraude no INSS, informou a Agência Senado.

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