As mensagens incluídas na representação da PF mostram que presidente da Alerj e Macário Neto chamam um ao outro de “irmão”
Por Tâmara Freire – RJ
A partir de conversas interceptadas no celular do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, a Polícia Federal (PF) indica que há uma estreita relação de amizade entre o político e o desembargador Macário Ramos Judice Neto, preso nesta terça-feira (16).

A PF acredita que Neto tenha vazado informações sigilosas para Bacellar sobre a operação que prendeu o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silvas, o TH Jóias, dentro de uma ação da qual Neto era relator.
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As mensagens incluídas na representação da PF mostram que Bacellar e Neto chamam um ao outro de “irmão” em diversos momentos e chegam a dizer que se amam. Neto também pergunta sobre o estado de saúde do pai de Bacelar e aproveita a intimidade para pedir ingressos para um jogo do Flamengo.
Além disso, a investigação revelou que a esposa do desembargador assumiu um cargo em comissão na Alerj, por indicação do ex-presidente.
A Polícia Federal argumenta ainda que Bacellar e Neto se encontraram em uma churrascaria na noite do dia 2 de setembro, imediatamente anterior à prisão de TH Jóias.
Os investigadores acreditam que os dois estavam juntos quando Bacellar alertou o ex-deputado sobre a operação que seria realizada na manhã seguinte.
Como prova, foram anexadas mensagens trocadas entre Bacellar e dois contatos, afirmando que estava na churrascaria com o desembargador.
“A Polícia Federal identificou que a estreita relação entre Macário Ramos Júdice Neto e Rodrigo da Silva Bacelar tem impacto relevante no prosseguimento das investigações policiais em face das organizações criminosas, demonstrando a prática delitiva de obstrução de justiça” diz a representação.
O texto que foi incluído na sentença judicial que determinou a prisão de Neto, assinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
A defesa de Neto, assinada pelo advogado Fernando Fernandes, sustenta que as acusações são inverídicas e diz que vai pedir a soltura do desembargador.


