Brazlândia, em Vicente Pires e na região da Vargem Bonita, que fica no Park Way, são alguns dos pontos de cultivo
Por Jak Spies – DF
Não é somente na zona rural do Distrito Federal que são produzidas as hortaliças e frutas que chegam às mesas de milhares de brasilienses. A agricultura em áreas urbanas tem se destacado com o verde da produção em meio a “selva de pedras”.
Em Brazlândia, em Vicente Pires e na região da Vargem Bonita, que fica no Park Way, pontos de cultivo são encontrados com mais densidade.
As plantações nas regiões administrativas, que antes eram colônias agrícolas, permaneceram mesmo com o processo de urbanização, ganhando a tipologia de “agricultura urbana rural remanescente” ou “agricultura de resistência”.
Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IpeDF) aponta que o Distrito Federal conta com 6.015 pontos de cultivo, dos quais 1.282 estão em áreas urbanas. Durante o estudo, foram encontradas propriedades de 0,5 a 14 hectares, mapeadas por sensoriamento remoto.
São 191 pontos de cultivo no Park Way e 154 em Vicente Pires. Os pesquisadores também visitaram 20 produtores locais para compreender as particularidades de cada área.
De acordo com Aline da Nóbrega, coordenadora de Estudos Ambientais do IpeDF, o objetivo da pesquisa é direcionar as tipologias para políticas de ordenamento territorial a fim de que elas sejam incluídas nas diretrizes como uma forma de uso em áreas urbanas.
“Esses produtores sofrem a pressão da ocupação urbana. A gente acredita que esse enquadramento tipológico pode auxiliar e dar instrumentos para que eles permaneçam nessas áreas produzindo. Porque, além disso, essa horticultura contribui para o manejo dos solos e o microclima da região”, explicou a pesquisadora.
Há 39 anos a produtora rural Marina Teixeira Monteiro de Sousa mora em um desses pontos de cultivo. Com 58 anos de idade, ela é a quarta geração que cuida da plantação de 3,5 hectares em Vicente Pires, que abriga mais de 30 tipos de folhagem como agrião, brócolis, mais de dez tipos de alface, espinafre, repolho, couve e até flores comestíveis.
De acordo com a agricultora, o forte da produção são as feiras, onde as hortaliças são comercializadas, sobretudo em Taguatinga, na Ceasa, na Feira do Produtor e também em alguns mercados. Ela destaca as vantagens de ter a produção tão próxima à cidade.
“Acaba que o custo fica menor, porque não tem o transporte. E você recebe uma verdura de qualidade, fresquinha, colhida na hora. É um diferencial muito grande. A população que está próxima tem aquele contato com a gente nas feiras e sabe a origem daquele produto que está levando”, afirma Marina.
(Jak Spie trabalha na Agência Brasília)