Já disse isso uma vez neste espaço. Os políticos estão completamente por fora da realidade. Acham que ainda é possível ajeitar as coisas da maneira que sempre fizeram.
Assim como as agremiações partidárias perderam seu espaço como articuladores, os políticos também estão sujeitos a perder o bonde da história.
O mundo está se transformando rapidamente e é bem possível que novos personagens e entidades apareçam como protagonistas. Ou já estão ocupando progressivamente este espaço deixado pela inércia política.
O mundo do faz de conta do Parlamento e dos governos construídos para atender a esta casta pode estar com os dias contados.
Embora tenham participado de alguma forma das manifestações recentes, a classe política tropeça diante da realidade.
Milhares de pessoas foram às ruas nos últimos dois anos. Registramos uma extraordinária multidão que pedia o impeachment de Dilma. E, muito mais que isso a moralidade pública.
Há uma manifestação diária nas redes sociais e pelo bem ou pelo mau, pessoas são capazes de enfrentar o sistema para denunciar, recriminar ou pedir mudanças profundas nas regras do jogo.
Mas com tudo isso, nossos governantes e parlamentares vivem no mundo da lua.
As eleições municipais de outubro tem tudo para mostrar que os tempos são outros. Corre-se o risco de um protesto único na História política no Brasil, quando os eleitores poderão rejeitar maciçamente o escrutínio e o candidato.
As manifestações dos últimos 24 meses podem definir um novo parâmetro para a política, com consequências surpreendentes.
Mas como os políticos vivem em mundo paralelo, talvez nem isso ainda os faça mudar e mudar o sistema que cai de podre.