Não, Xi Jinping não é o “líder supremo”, mas o chefe do partido e do Estado chinês é pelo menos “presidente de tudo”. Nenhum chefe de partido desde Mao Tsé-tung concentrou tanto poder como Xi, que é oriundo de uma família tradicional de funcionários do regime, nos cinco primeiros anos de mandato. Agora, Xi, de 64 anos, foi elevado formalmente ao status de Mao, o fundador do Estado: o “pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era” foi enobrecido com a inclusão na Constituição do partido. Nenhum chefe de partido desde Mao havia recebido tamanha distinção. Assim, Xi não é mais o primeiro entre iguais no Comitê Permanente do Politbüro – ele é apenas o primeiro! O grande timoneiro versão 2.0.
Um retrato do velho timoneiro ainda está dependurado sobre a entrada do antigo palácio imperial, no coração de Pequim. O mausoléu de Mao, com o cadáver embalsamado, continua dominando a praça Tiananmen, bem à vista dos delegados que participam do congresso partidário.
Mas vale lembrar: o legado de Mao é avaliado como bom e ruim na proporção 7 para 3, mesmo oficialmente. Por exemplo porque o autocrata Mao, com seu “grande passo para frente“, entre 1958 e 1961, provocou a maior crise de fome de causas humanas da história, com milhões de mortos.
Ou porque ele, com a revolução cultural, provocou uma catástrofe nacional para a China. Para evitar esse tipo de excesso, o Partido Comunista estabeleceu o princípio da “liderança coletiva”. Com a entronização de Xi Jinping, ele se afasta um pouco disso. (Da DW)