Reformando nós mesmos

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Texto de Jerônimo Goergen

A greve dos caminhoneiros nos deixa uma série de lições. O Brasil externou espontaneamente inúmeros sentimentos. O primeiro deles é que o povo não aguenta mais pagar pela boa vida de poucos.

O preço dos combustíveis é apenas a ponta desse iceberg colossal chamado Estado brasileiro. Inchado, pesado e ineficiente. Precisamos reformar nós mesmos, deputados, senadores, membros do Judiciário, do Executivo e da elite do serviço público. Tenho votado contra tudo aquilo que representa aumento de gastos públicos.

Abri mão da aposentadoria parlamentar, optando pelas regras do INSS, como todo o qualquer cidadão. Votei contra o Fundo Partidário e não tenho nenhuma indicação em cargos do Governo Federal. Não nomeei todas as vagas a que tenho direito no meu gabinete. Votei pelo fim do 14º e 15º salários, pelo fim do jeton nas convocações extraordinárias, sempre buscando a economia da cota parlamentar.

Sou o autor da PEC que acaba com as emendas parlamentares e da proposta que impede o uso das milhagens para fins particulares. Propus ainda um projeto que, durante a eleição, o dinheiro público não possa ser usado para manter as estruturas disponíveis ao mandato. Sempre votei contra aumento de impostos, inclusive deixando de ser secretário de Estado por não concordar com tarifaço.

Desde que assumi meu mandato na Câmara, jamais fiz viagem internacional com recursos públicos. Mas, individualmente, essas ações não surtem o efeito prático esperado por toda a sociedade. A população tem feito enormes sacrifícios para sobreviver. Porque nós não podemos fazer o mesmo em nome da reconstrução de nossa Nação? O exemplo precisa vir de cima. Quem está no teto salarial não precisa ganhar auxílio-moradia. Isso não faz sentido!

Este é apenas um exemplo das chamadas regalias, tão criticadas pelo conjunto da sociedade. Precisamos fazer uma urgente discussão da estrutura e do custo do exercício das atividades de Estado, incluindo Legislativo, Judiciário e Executivo. Sem demagogia alguma e, sim, com muita humildade. Juízes, parlamentares, membros do Ministério Público, integrantes dos mais altos escalões do Executivo, todos unidos em torno de uma Reforma Administrativa e Financeira de suas instituições. É preciso mudar tudo!

É preciso reconstruir! E todos os brasileiros devem fazer parte do sacrifício e do esforço para esta mudança. Inclusive nós, agentes públicos.

(Jerônimo Goergen é deputado federal pelo Progressistas-RS)

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