Corrida de obstáculos ou um Titanic à brasileira

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Cantado em verso e prosa como o grande evento da corrida sucessória até o presente momento, a aliança entre o tucano Geraldo Alckmin e o Centrão (ou blocão) enfrentará problemas ao longo da campanha. Assim como uma corrida de obstáculos, acidentes de percurso estarão sempre no horizonte. Vejamos os motivos.

Em primeiro lugar, o bloco, somado ao PSDB e demais partidos da coligação, é absolutamente heterogêneo. Isso ficou claro na polêmica, ainda não solucionada, envolvendo o Solidariedade e o tucano em torno da volta do imposto sindical. O PSDB e boa parte de seus aliados são contrários ao retorno da cobrança, mas o partido do deputado Paulinho da Força insistirá no tema. Outras questões espinhosas inevitavelmente surgirão e será necessária extrema habilidade de negociação por parte de Alckmin e suas lideranças. Isso vale para a campanha, mas principalmente, para um eventual governo.

O problema da amplitude da coligação remete diretamente a outra questão, os palanques estaduais. No caso, ajustes já são necessários para a manutenção de uma aliança minimamente sólida. Exemplos não faltam.

No Mato Grosso, o PSDB do governador Pedro Taques aliou-se ao PSL de Jair Bolsonaro. No mesmo estado, o PR caminhará ao lado do PT. Em Pernambuco, o PTB local pretende apoiar o candidato petista, seja ele quem for.

São Paulo, comandado pelo socialista Márcio França, simpático a Alckmin, também trará problemas. Assim, fissuras no bloco serão inevitáveis, e aos comandantes da aliança será necessária, mais uma vez, capacidade de negociação. Do contrário, o navio poderá adernar.

Um terceiro obstáculo será a definição do vice. Com a possível recusa do empresário Josué Gomes, do PR, será preciso encontrar um nome que aglutine minimamente os diferentes grupos. O DEM teria a preferência para indicar o segundo da chapa, mas nada garante que esse nome seja unanimidade interna.

Por fim, queiram ou não, PSDB e boa parte de seus aliados integram o impopular governo Temer. Como se descolar desse fato e convencer o eleitor de que o bloco representa uma mudança efetiva? Indo além, muitos dos protagonistas do processo são políticos da chamada “velha guarda” e inclusive são alvos da Lava Jato. Trabalho redobrado para estrategistas e marqueteiros.

Esse é o quadro geral. Cabe ressaltar que a aliança não garante automaticamente votos a Alckmin, hoje estacionado na casa dos 7%. A solidez da aliança é condição básica para o eventual êxito do projeto. Do contrário, teremos um Titanic a afundar no mar da política brasileira.

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