Falta de dinheiro público em filmes privados agora é “momento nebuloso”, “castração”, “ditadura”. Nunca foi tão claro que o problema não é a “censura“, é o corte do dinheiro público nos filmes de um grupo – sempre o mesmo, sempre Luiz Carlos Barreto, sempre Caetano e sua verborragia hiperbólica tropicalista (ou não?), atores globais etc.
Há pouco ou quase nada para pequenos e desconhecidos produtores, assim como o BNDES só financia os grandes a juros baixos. É isso o que está mudando no Brasil e está incomodando muito os apaniguados de outrora.
A O2 Filmes pediu à Ancine um milhão de reais de “reembolso adiantado” pelo filme Marighella, mas teve seu pedido negado. A estreia do filme foi cancelada. Foi censura? Não, de modo nenhum.
Os gestores da Ancine têm autonomia para decidir a respeito de uma série de medidas. Foram empossados por quem de direito e, em última instância, pelo presidente da República eleito para gerir o país com seu programa de governo, seu discurso, sua visão de mundo e suas propostas de trabalho. O povo votou no pacote completo. Não há mistério. Não há razão para histeria coletiva. É o estado democrático de direito em movimento.
A verdade nua e crua é uma só: a fonte secou para muita gente. O “cinema engajado“, que há décadas esvaziava salas e salas de cinema Brasil afora, poderá continuar, sim, mas com recursos privados. Como não há retorno, pois não há público, e o capitalismo funciona assim, é preciso que cada caso seja analisado com cautela.
Quando o filme é bom, estrangeiro ou nacional, o público lota as salas de cinema e o produto dá lucro, dá retorno, paga o investimento: Tropa de Elite, Cidade de Deus, Se Eu Fosse Você, Dois Filhos de Francisco, Nada a Perder, Os Dez Mandamentos…
Para os demais, lamento ter que dizer que é hora de passar o chapéu entre os empresários camaradas.