O presidente Donald Trump encarou com fúria neste sábado (07) as projeções que apontam que o democrata Joe Biden venceu a eleição presidencial, sinalizando um tumultuado processo de transição e a prorrogação do drama eleitoral que vem sacudindo os EUA ao longo da semana. “Esta eleição está longe de terminar”, disse Trump.
Em um comunicado, Trump voltou a levantar acusações de fraude, sem apresentar nenhuma prova para sustentar o argumento. Ele afirmou que são o que chamou de “votos legítimos” que decidem o resultado da eleição, e ” não a mídia”. Ele ainda deixou claro que pretende contestar o resultado nos tribunais.
“Todos nós sabemos por que Joe Biden está se apressando em posar como o vencedor e por que seus aliados da mídia estão se esforçando tanto para ajudá-lo: eles não querem que a verdade seja exposta. O simples fato é que esta eleição está longe de terminar. Joe Biden não foi certificado como o vencedor de nenhum estado, muito menos de nenhum dos estados altamente contestados que devem ter recontagens obrigatórias, ou estados onde nossa campanha apresentou ações na Justiça válidas e legítimas que podem determinar o vencedor final. Na Pensilvânia, por exemplo, nossos observadores não tiveram acesso significativo para assistir ao processo de contagem. Os votos legais decidem quem é o presidente, não a mídia.
“A partir de segunda-feira, nossa campanha começará esforções judiciais para garantir que as leis eleitorais sejam totalmente mantidas e o vencedor legítimo seja apontado. O povo americano tem direito a uma eleição honesta: isso significa contar todas as cédulas legais, e não contar nenhuma cédula ilegal. Esta é a única maneira de garantir que o público tenha plena confiança em nossa eleição. Continua sendo chocante que a campanha de Biden se recuse a concordar com este princípio básico e queira que as cédulas sejam contadas mesmo que sejam fraudulentas, fabricadas ou lançadas por eleitores inelegíveis ou falecidos. Somente uma parte envolvida em irregularidades manteria ilegalmente os observadores fora da sala de contagem – e então lutaria no tribunal para bloquear seu acesso.
“Então, o que Biden está escondendo? Não vou descansar até que o povo americano tenha a contagem de votos honesta que merece e que a democracia exige”.
O candidato democrata Joe Biden disse hoje (7) em uma rede social estar “honrado” por ter sido eleito presidente dos Estados Unidos. O candidato disse ainda que será o presidente para todos os americanos, não apenas para os que votaram nele.
A vice-presidente da chapa de Biden, Kamala Harris, também se manifestou na rede social, dizendo que estas eleições não são apenas sobre Joe Biden e sobre ela, e sim sobre a alma dos Estados Unidos e sua disposição de lutar por ela. “Temos muito trabalho pela frente”.
A saída de Trump ainda deve ter forte impacto nas relações dos EUA com o mundo. Ao longo de quatro anos, o republicano promoveu uma política de sabotagem do multilateralismo, alienando vários aliados pelo mundo. A imagem do país também derreteu mundo afora. Nos EUA, a submissão do governo ao temperamento imprevisível de Trump e sua administração por meio de mensagens pelo Twitter também provocaram fissuras na política americana. Ainda durante a contagem, Biden anunciou que pretende reverter medidas de Trump, como a retirada do Acordo do Clima.
Para países como o Brasil, a derrota de Trump e a ascensão de Biden também devem ter impacto. O presidente Jair Bolsonaro alinhou seu governo aos EUA de Trump e sua relação com Biden não deve ser fácil. Ainda na quarta-feira, Bolsonaro dizia que estava torcendo por Trump, uma figura que o presidente brasileiro faz questão de dizer que idolatra.