Texto de Renato Candemil
E eis que em final de fevereiro de 2020 o Brasil identificava a primeira contaminação pelo Covid-19. Na Europa eram centenas de casos. Um ano se passou.
E inicialmente eu pergunto: Que ano foi esse? Que reflexão podemos fazer?
Muitos poderiam afirmar que foi um ano de extrema dificuldade, dificuldade na saúde, na política, na economia, e por aí vai. Para alguns, talvez um ano de ganhos e vitórias. Para outros, um ano de perdas, muitas perdas.
De qualquer forma, acredito ser unânime a questão das mudanças que esse malfadado vírus causou em toda a sociedade, em todos os cantos do mundo.
Não vou escrever sobre essas mudanças sob o prisma da política, da economia ou da saúde, eis que a internet já se preocupou em inundar as redes sociais com as mais diversas análises, sempre recheadas dos interesses que as norteiam.
Minha reflexão é sobre a questão comportamental. O que o vírus proporcionou ao mundo sob o aspecto do comportamento humano e da espiritualidade.
Inicialmente podemos afirmar que saímos de uma sociedade aberta, de contato físico livre e sem quaisquer limites para o “ir” e “vir” e caminhamos nesse período para uma sociedade reclusa, carregada de estereótipos e um negacionismo absurdo quanto ao poder de contaminação desse vírus. Palavras como “quarentena”, “lockdown” e “home office” viraram uso obrigatório nas conversas e o meio virtual se desenvolveu em uma rapidez alucinante, tudo para receber essa nova forma de viver e trabalhar.
As incertezas e principalmente a perda de milhares de vidas foi e está sendo doloroso de acompanhar. Um ano se passou e o vírus continua aí, impondo cada vez mais o seu potencial destrutivo. Continua ativo e ceifando vidas nos quatro cantos do mundo.
O comportamento humano mudou, claro que mudou, mas eu questiono: Será que mudamos o suficiente para aprender e conviver com essa nova realidade que se apresenta.
Será que nessa nova realidade, nós precisamos de tanta informação que só desinforma? Não é o momento exato para buscarmos novas ferramentas que nos possibilitem o acesso a informações transparentes e com credibilidade, sem essas tão famigeradas fake news?
De uma hora para outra, passamos a conviver em um isolamento familiar, com o crescente aumento de sentimentos como a angústia, a tristeza e a solidão. Um ano se passou e não seria agora o momento exato para iniciarmos um renascimento?
Renascer sob o ponto de vista dos objetivos profissionais, renascer na questão espiritual, substituindo em parte o materialismo exacerbado que tanto presenciamos em nosso dia a dia. Renascer para melhorarmos nossos hábitos diários e rotineiros, e complemento, renascer para o amor e a prática da caridade ao próximo.
Não é chegado o momento de nos voltarmos para o “espelho interior” e aprendermos definitivamente o valor do nosso maior bem, meu e seu, que é a vida? Outro dia, escutei alguém falar que o número 19 (esse do Covid-19) na numerologia significa “fechar uma porta para que outra possa ser aberta”. É concluir algo para iniciar um novo começo. Não estaria aí o sinal que todos nós precisamos, para iniciarmos um recomeço, um recomeço de novas oportunidades?
Nada acontece por acaso, mesmo que seja muito doloroso. Tudo tem uma razão de ser. Que nosso futuro possa ser de esperança, por dias melhores e que cada um faça a sua parte, contribuindo para a construção de uma sociedade mais fraterna e feliz.
Finalizo com uma frase, publicada em meu último artigo, cuja autoria é do mestre espiritual persa do século XIII, Rumi: “Ontem eu era inteligente, então eu queria mudar o mundo. Hoje eu sou sábio, então eu estou mudando a mim mesmo”.
Boa reflexão!