Seis pessoas ouvidas pela promotoria são familiares de seis dos nove pacientes que morreram
Texto de Camila Boehm
Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), familiares de pacientes da operadora de saúde Prevent Senior, que foram vítimas da covid-19, relataram que os parentes internados em hospital da rede ou que faziam tratamento em casa tomaram medicamentos do chamado “kit covid” e acabaram morrendo. O órgão investiga a relação das mortes com o uso dos medicamentos.
O promotor Everton Zanella, que integra a força-tarefa que investiga os casos, disse que as seis pessoas ouvidas até o momento pela promotoria são familiares de seis dos nove pacientes que morreram durante um estudo da Prevent Senior que testou os medicamentos hidroxicloroquina e azitromicina – ambos não tem eficácia comprovada contra a covid-19. Os casos integram um dossiê entregue por médicos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
“O que a gente já ouviu foram familiares que falaram que houve uso desses medicamentos de ineficácia comprovada, que as pessoas faleceram na rede hospitalar ou até mesmo em casa mas tomando alguns medicamentos indicados”, disse Zanella, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (8). “Nós temos que verificar pericialmente se esse uso de medicação efetivamente leva ao óbito”.
De acordo com os relatos dos familiares, os médicos que atenderam os pacientes, ao solicitarem a assinatura do termo de consentimento para tratamento com o kit covid, afirmaram que aqueles medicamentos poderiam salvar suas vidas.
Além desses casos que deram origem à investigação, o MPSP anunciou que recebeu 12 denúncias de casos semelhantes, em que foram receitados medicamentos do kit covid, no entanto, não houve necessariamente morte dos pacientes.